Thursday, July 30, 2009

Há Gosto II


virgínia além mar



Já há neblina em torno da lua, bem queria sair alguns dias, passear ao sol, ficar à toa na rua e esquecer de noites tão frias .

Resguardo-me em raiz, preparando as flores do porvir, mas treme em branco a folha sem versos, enquanto as mãos ocupam-se do chá.

A previsão é de mais chuvas meus amigos e, eu não tenho mais um cão a esperar-me com a alegria que faz esquecer que agosto é chegado. Foi no dia quatro, de um agosto que, sem gosto, meu pai se foi, deixando vazia minha boca de palavras e a chapa do fogão...

Eram bons tempos aqueles de inverno, retornávamos da viagem de férias e ele reunia amigos na cozinha de fora onde havia o fogão rústico à lenha , para vinho, estórias, risadas e cozido de peixes. Enfiava-me entre eles, como mais uma mascote , fazia de tudo para penetrar as reuniões, xeretar as conversas instigantes que versavam sobre os mais diversos assuntos.

Tudo era quente e incrivelmente vivo naquela casa, quando era ainda criança; No jardim enorme, os bancos ao sol, as frutíferas, o telhado pelo qual adora passear... Havia também um gato vagabundo de pelo listrado, ou era uma gata? Como o cão pareceu e foi ficando ganhando nossa admiração.

Vai chover e, não quero molhar os pés nas poças de ausências, desejo um amanhã com o sorriso dos tempos de sopa de peixe e pão quentes e, se possível, um livro de estória para colorir e acordar as sementes do amanhã.
vídeo do trecho do Musical da Broadway Cats ; Na década de 1970, já 10 anos após a morte de T.Eliot. ( patrono do nosso grupo artefilospsipoesia), o então jovem Andrew Lloyd Webber musicou alguns dos Poemas sobre gatos do Poeta Thomas Stearns Eliot, modernista, dramaturgo que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1948. Acrescendo a estes um roteiro que veio a tornar-se a grandiosa obra Musical Cats . Memory é a música mais conhecida e de maior sucesso do musical e uma das minhas prediletas . Ela desabrocha da minha memória em momentos singulares. A peça em resumo trata-se de numa noite especial do ano em que todos os gatos se encontram no Jellicle Ball. Lá, o líder sábio e benevolente, Old Deuteronomy, anuncia qual deles irá para um lugar chamado Heaviside Layer, onde renascerá uma nova vida Jellicle. ( Jellicle ( a palavra só os gatos entendem o significado). Entre os personagens mais marcantes estão Munkustrap, o narrador da história, e Grizabela, the glamour cat.

A crônica encontra-se também no Blog do Discutindo Literatura -
http://discutindoliteraturacronicas.blogspot.com/2009/07/ha-gosto-ii.html
para rever outros espetáculos - http: //www. reallyuseful.com/shows/cats/the-film-1

Saturday, July 25, 2009

Muito obrigada Vânia Moreira Diniz



Muito obrigada Vânia Moreira Diniz

*virgínia além e ao mar

Grandiosa como já a cantei em versos é nossa amizade e mútua estima, regada com as cores de admiração recíproca.
Nestes dez anos do VMD Portal e da nossa parceria jamais tivemos qualquer dissonância ou resguardo quanto a tecer estimulo e solidariedade poética.
Nossas almas sedentas da acolhida desinteressada produziu no solo fértil da amizade perenes e frondosas árvores, delas colhemos frutos doces.

Entre tormentas e viagens minha nau encontrou motivos de seguir em frente na jornada literária graças ao feliz encontro com tuas tranquiliade advinda da experiencia nesta rota.

És e serás sempre minha Flôr de Copacabana, aquela que batizou-me na nova vida com sais do oceano amado,quando distante e impossibilitada de com este estar.
Meu retorno acompanhaste e o sabes nada brando quando uma âncora de dimensões desproporcionais atavam a nau ao porto.
Tua nau ( linguagem)em minha direção foi também como o vento sul que com a ressaca arrancou corrente, içou velas e pôs-me a navegar em alto mar da linguagem poética, quando desafiaste-me , gentilmente, para estar entre os Colaboradores do Site(Portal), com honrosa participação entre os Autores Convidados com minha Coluna Considerações. Ao teu Convite a tantos anos , assustou muito e tentei ser eficiente embora o tempo escasso e minha pouquíssima experiência textual, apesar de conteúdo faltava-me a forma, a dedicação , com minha escrita dionísica e emocionada adentrei aos poucos e ainda lentamente no jardim apolíneo.

Quando a quase dois anos premiaste-me com a coordenação do Canal de Filosofia no Espaço Ecos dentro do Portal VMD, num gesto de confiança em meus olhares sobre a Filosofia e os Filósofos amigos. Conheces o que realmente me encanta de maneira ímpar; o compartilhar da sincera busca por uma vida mais plena e quiçá menos sofrida, o que na minha experiência a Filosofia é essencial a todo sujeito que possui a capacidade ainda, de admirar-se com o que há de humano em nossa complexa condição.
Portanto a ti minha amiga Vâninha, ( manamiga) que faz uso das letras com exímia maestria, pois utiliza a linguagem com toda sua força, como ferramenta de comunicação com o outro, enquanto outro, minha admiração e mais profundo agradecimento.

Friday, July 24, 2009

E S CRE VER ...


Escrever é juntar letrinhas e sentimentos, entre-laçar pontos, linhas, saltar distâncias, fazer um bordado, atravessar paralelas curtinhas, juntar figuras de linguagem, dançar um lindo balé, voar mais alto ver como os gaviões,lamber areia feito mar, tirar sons de castanholas de velhos teclados, desenhar sonhos e correr feito rio ...

Escrever é sentir nos pulmões ventanias, soprar o aroma das manhãs e
é deixar escorrer o néctar do coração,purgar salivas ancestrais espremer e esticar o cérebro...

Escrever é aconchegar –se, brincar na areia e nas tardes de sábado construir castelares pulsões ...

Escrever é rolar entre as folhas do outono, beijar flores, respingar orvalho sobre os lençóis e fazer amor com a humanidade...

Escrever é aprender a calma das pedras, a beleza das nuvens e cantá-las fazendo-se ouvir em silêncio, despertando as próprias canções do leitor.

Escrever é apurar ouvido e escutar sinfonias dos gramados, riachos, colinas, florestas...E ainda navegar, flutuar com velas içadas entre canais estreitos e mar aberto e, em águas profundas desvendar mistérios dos mares de si...

Escrever é das estrelas tentar aprender rumos para perder-se de si e reencontrar o luar...

Escrever é permitir a si e ao outro o baile do florescer primaveril e dançar nas nuvens de algodão....

Escrever é enamorar-se das fronhas que sabem guardar segredos... Talvez escrever seja mais, talvez menos...
Entretanto, es-crê-ver é sempre um devir infância, uma afirmação da vida ! - 24 de julho 2007 -

e as coisas “dançam nos pés do acaso” -F.Nietzsche...




Thursday, July 23, 2009

PRAZER


virgínia além mar
Aprendemos a melhor olhar no fundo da alma o que arde, quando abraçamos as oníricas mensagens sem medo de refazemos a viagem.

O que deseja o verbo que penetra o não tempo nos dizer?Disse Camus que quem viveu um só dia poderia passar o resto de sua vida em uma prisão...

Um bem querer e, o que não foi dito ou prometido, sobre o amor eterno, borda o avesso e costura começos. Jamais saberemos do que não foi. Se uma carícia verdadeira aconteceu, ela continua a crescer dentro da gente , não como uma doença , mas como o lenitivo à falta das flores de maio ...
Caricias sinceras, desprovidas de temor, regeneram o passeio que vai da fonte ao mar. Restauram o pulsar do peito que produz o bater das asas e, levam-nos a ver-viver a beleza visível e adivinhar a que se oculta.Teu gosto por mim me faz mel. Despertou-me do silêncio com liberdade e com este desejo e liberdade que me ofereço às manhãs.

Já faz algum tempo que me tornei cálice a ser preenchido e bebido,aos prazeres possíveis deitar ouvidos e, com a música me livrar de mim mesma.
imagem Michelangelo Caravaggio

Sunday, July 19, 2009

sobre amizades, destinos e a seiva da vida


- As coisas e os animais são o que são e permanecem o que são. Mas o homem será o que ele decidiu ser. O seu modo de ser, a existência, é um sair para fora em direção à decisão e à automoldagem. Assim, a existência é um poder-ser e, portanto, é incerteza, problematicidade, risco, decisão, impulso adiante. Este impulso pode ser em direção a Deus, ao mundo, ao próprio homem, a liberdade, ao nada..- Jean-Paul Sartre- da Liberdade à Consciência

Um amigo é capaz de nos fazer sentir imensamente maior do que somos. Percebe-nos apesar e além de nós mesmos. Tive um que entre todos foi crucial na construção de alguma consciência sobre mim mesma. Em seu pequeno apartamento havia um jardinzinho de inverno que separava da grande biblioteca. Nesta havia tudo o que se poderia desejar sobre filosofia e ciência. Inclusive manuscritos. Frente a imensidão de seus conhecimentos perguntei-lhe se havia lido todos aqueles livros, pois era jovem, éramos jovens na época, respondeu-me afirmativamente , perguntei-lhe como isto fora possível , ele argumentou que havia permanecido hospitalizado devido a um acidente e teve oportunidade de dedicar-se à leitura...Foi aí que passei a entender que havia passado por grande sofrimento e, que este o havia transformado , passei a compreender seus silêncios e sua calma frente a situações adversas. Estaria livre do medo da morte que torna-nos ansiosos, presunçosos por vezes , seria ele um guerreiro! Entregou-me a chave e com ela abri a caixa de pandora.
Mas o que eu gostaria de relembrar é que Beija Flores possuem um vôo peculiar, suas asas modificadas em mãos, não voam com o antebraço como as demais aves. Jamais caminham no solo, apenas utilizam seus pés para arrastarem-se nos galhos. Com sua impressionantemente agilidade, são as principais aves polinizadoras. Aprendi, lendo o trabalho do biólogo André Russchi ;que de todos os polinizadores são os únicos vetores entre populações vegetais distantes funcionando como um correio genético.
Pessoas Beija Flores são assim , amigos que polinizam o desejo , fecundam nossa mente e coração, agem de forma dêspretensiosa , esquecem o que doam , cumprem um destino que alinha liberdade à consciência , natureza e cultura dando-nos a impressão de que estão, apesar de distantes sempre ao nosso lado, parece que um ninho em nosso cérebro acomodaram e ovos ali foram deixados aos nossos cuidados.

Abraço junto ao peito teu canto / nesta hora em que o sol espia/ Deixo-me estar no veloz movimento/do peito e asas do Beija Flor /a beleza complexa do verde- lilás/reluzente amplia o espaço/ no caos uma ordem cresce em silencio/costurando no invisível o arrebatamento/ Ele , o pássaro e, sempre ele conduz-me ao infinito.../ Sumindo, assim como veio sequioso do mel em teu seio, oh flor.../Em despedidas doamos vida e ganhamos céus...

Para finalizar lembro de um diálogo entre S Guimarães e Paulo Freire sobre aprendizagem -Até entre os peixes a gente encontra os que pulam e saltam cascatas acima. -Exato, aprenderam. E só há um caminho para isso, essa sabedoria é a prática quem dá. –

IMAGEM FONTE INTERNET

Wednesday, July 15, 2009

Viajantes entre filosofias, ciências e poesias...

Em direção aos astros seguimos na busca de conhecimento, salvação e de nós mesmos.

A Filosofia da Ciência quer compreender a diferença entre empirismo e racionalismo. Entender as perspectivas realista e anti-realista também perceber como a ciência compreende o conceito de verdade. A ciência está à serviço da solução dos problemas da humanidade, assim como demais áreas do conhecimento.
Édipo foi representado na arte da antiga Grécia com um grande chapéu de peregrino viajante, apoiando-se em um bastão por causa de sua dificuldade de andar e, simbolizava o filósofo na busca pela verdade. Diferenciava-se dos demais heróis gregos por sua racionalidade. Édipo dispensava crenças sobrenaturais e amuletos em sua jornada. Decifrou o enigma imposto pela esfinge golpeando o peito com seu punho, desta forma admitindo em si mesmo estar a resposta à questão.Aos olhos dos Poetas e de alguns cientistas, o satélite que no imaginário possui atributos femininos, continuou e continuará intocável, enigmático como a mulher proibida... ?A Apollo 11 teve seu lançamento as 09h32min da manhã do dia 16 de Julho de 1969. Pousou às 16h18 mim do dia 20 de Julho.Todo homem cientista ou não busca pela ordenação... Li certa vez Rubem Alves em sua obra Filosofia da Ciência - Introdução ao jogo e a suas regras "o homem foi capaz de manipular as estrelas, os planetas e os satélites"...Penso que raros entre nós serão privilegiados de viajar em ônibus espaciais e que ainda está longe o tempo em que poderemos habitar outros solos, e declarar como Armstrong- "O céu está cheio de estrelas. Parece uma noite na Terra”.Afinal, o que são quarenta anos diante ao tempo das estrelas? Que corpos e horizontes podemos almejar? Estamos buscando em peregrinações a verdade, solucionar os enigmas da criação do universo ou estamos a recriá-los através de várias perspectivas? A imaginação não pode ser refutada mesmo no campo das ciências. Lembremos que os erros científicos não são divulgados, o que reforça sua credibilidade e a mística em torno dos cientistas que os faz parecer superiores aos demais.
Creio necessário pousar um olhar crítico sobre a ciência e questioná-la sobre o quanto esta tem contribuindo para minimizar os sofrimento e as miséria da condição humana.Quais conquistas estará a gabar-se a humanidade em 2049 ? Como estará o transito terrestre ? Nossa fina camada de atmosfera quanto suporta de tráfego aéreo ?Sou leiga demais para ousar, sequer adentrar em assuntos desta natureza, então ingênua e poeticamente, saúdo àqueles que viram a linda terra no horizonte lunar e, por seus registros nos foi possível vê-la em sua radiante face azul. Surpreendentemente magnífica, enigmática e desejada ... Vistos à distância os corpos provocam nossa imaginação de forma espetacular! Viajantes estamos, o que me faz lembrar do Poema Zen “Um dia podemos descobrir que toda viagem é,de algum modo, uma peregrinação em busca de um lugar que é o coração do viajante.Seu destino é a sua realidade interior.Mas faz parte do ritual, busca de lugares distantes, onde seu coração sempre vai desejoso de um encontro que nem sempre acontece.”
imagem- terra vista no horizonte luar -

Sunday, July 12, 2009

Parabéns Discutindo Literatura por seus Quatro anos


Com uma inquietude e senso investigatório notável encontrei Luciana.
Sua inteligência e sensibilidade agregou em sua Comunidade no Orkut;
Discutindo Literatura, mentes de extraordinária competência. Encontrei neste espaço abertura às discussões e sobretudo à escuta indispensável ao diálogo, como disse Paulo Freire nem sempre o diálogo implica em perguntar e responder... A Discutindo Literatura é um acontecimento que promove encontros. Diante de alguns Entrevistados na Comunidade, enquanto em silêncio lemos ( ouvimos ) a dialógica está acontecendo. Além das Estrevistas excelentes a dinâmica da comunidade abre-se como um leque de criatividade, instigando os participantes a compartilhar suas produções literárias, estejam publicadas ou não, estimulando e desafiando a todos a levarem mais a sério seus sonhos e projetos.
Como hoje a Discutindo Literatura completa, com sucesso seus quatro anos de existência, resistindo através do esforço incansável de sua criadora , que além das acima mencionadas qualidades, agrega em sua personalidade uma leveza e luminosidade cativante, não menor que sua simplicidade e vontade de fazer amigos , quero registrar meus sinceros parabéns.
Tão válidas iniciativas são raras nestes tempos de visibilidade individual.
Sou imensamente agradecida por encontrar-me entre os participantes da Comunidade, que também promove amizades pois nesta cultiva-se um pouco ainda, do desinteresse e real vontade de acrescentar conhecimentos e divulgar sem reservas a cultura e, um fazer de laços afetivos que transcendem a si mesma, numa constante tentativa de avanço à espaços não só gregários. Assim sinto-me à vontade para saudar Luciana e agradecer –lhe por tudo quanto nos enriquece, assim como aos participantes que com ela tornam possível o andamento deste projeto merecedor de respeitável reconhecimento .

Saturday, July 11, 2009

Tempo Nietzsche e Magritte





"A intranqüilidade moderna. – À medida que andamos para o Ocidente, se torna cada vez maior a agitação moderna, de modo que no conjunto os habitantes da Europa se apresentam aos americanos como amantes da tranqüilidade e do prazer, embora se movimentem como abelhas ou vespas em vôo. Essa agitação se torna tão grande que a cultura superior já não pode amadurecer seus frutos; é como se as estações do ano se seguissem com demasiada rapidez. Por falta de tranqüilidade, nossa civilização se transforma numa nova barbárie. Em nenhum outro tempo os ativos, isto é, os intranqüilos, valeram tanto. Logo, entre as correções que necessitamos fazer no caráter da humanidade está fortalecer em grande medida o elemento contemplativo" aforismo 285- Humano, demasiadamente humano, Nietzsche

"Lazer e ócio. – Há uma selvageria pele-vermelha, própria do sangue indígena, no modo como os americanos buscam o ouro: e a asfixiante pressa com que trabalham – o vício peculiar ao Novo Mundo – já contamina a velha Europa, tornando-a selvagem e sobre ela espelhando uma singular ausência de espírito. As pessoas já se envergonham do descanso; a reflexão demorada quase produz remorso. Pensam com o relógio na mão enquanto almoçam, tendo os olhos voltados para os boletins da bolsa – vivem como alguém que a todo instante poderia 'perder algo'. 'Melhor fazer qualquer coisa do que nada' – este princípio é também uma corda, boa para liquidar toda cultura e gosto superior. Assim como todas as formas sucumbem visivelmente à pressa dos que trabalham, o próprio sentido da forma, o ouvido e o olho para a melodia dos movimentos também sucumbem. A prova disso está na rude clareza agora exigida em todas as situações em que as pessoas querem ser honestas umas com as outras no trato com amigos, mulheres, parentes, crianças, professores, líderes e príncipes – elas não têm mais tempo para as cerimônias, para os rodeios da cortesia, para o esprit na conversa e para qualquer otium (ócio), afinal. Pois viver continuamente à caça de ganhos obriga a despender o espírito até a exaustão, sempre fingindo, fraudando, antecipando-se aos outros: a autêntica virtude, agora, é fazer algo em menos tempo que os demais. (...) Se ainda há prazer com a sociedade e as artes, é o prazer que arranjam para si os escravos exaustos de trabalho. Que lástima essa modesta 'alegria' de nossa gente culta ou inculta! Que lástima essa desconfiança crescente de toda alegria! Cada vez mais o trabalho tem a seu lado a boa consciência: a inclinação à alegria já chama a si mesma 'necessidade de descanso' e começa a ter vergonha de si. 'Fazemos isso por nossa saúde' – é o que dizem as pessoas quando são flagradas numa excursão ao campo. Sim, logo poderíamos chegar ao ponto de não mais ceder ao pendor à vida contemplativa (ou seja, a passeios com pensamentos e amigos) sem autodesprezo e má consciência." aforismo 329 - A gaia ciência

"Somente o filólogo lê lentamente e medita meia hora sobre seis linhas"

Creme e morangos



virgínia além mar

Abro a porta às vozes das saudades e, com púrpura ternura deixo-me estar entre elas nestes dias invernais....
Quão serenas são as noites que à releitura solitária de mim mesma faço.
Com ar de graça passo os dedos sobre o cabelo, assoviando a sonata Ronda Alla Turca e agradeço ter sobrevivido, também às tempestades de verão.

Espírito resiste metamorfoseando-se entre mosaicos de sensações; Lembranças sonoras, povoam e recriam espaço – tempo e, nova a mente entrega-se às asas da imaginação.
E o creme com morangos ? A eles acrescento alguns suspiros reservados à ocasião. Afinal, à maturidade lambuza –se com poções de fantasia , doces efêmeras, airadas mas com tons de eterna jovialidade como os sons de Mozart, as pinturas de Magritte e a filosofia de Nietzsche...


creme com morangos virgínia com afetuoso e agradecido abraço