Do prazer estético ... *Virgínia vicamf
A visão sem dúvida é um dos principais
sentidos a serem desenvolvidos após ou juntamente com o paladar já que a
audição é um sentido que não descansa nunca e o tato, a pele faz parte do
sistema respiratório, e o olfato é o mais aguçado sentido do animal em nós... portanto fora de questão neste pensamento que ora me
ocorre sem bases ciêntificas.
O olhar da mãe é nosso primeiro espelho
através do qual passamos a entender o quanto somos aceitos, e através do qual vemos o mundo enquanto
em simbiose perfeita.
O contato com o seio do qual provém o primeiro alimento essencial não apenas é fonte de alimento com objeto de desejo que desenvolve a oralidade, o desejo de viver e degustar, sobreviver . No colo ganhamos o calor humano do qual teremos necessidade por toda existência.
Ainda nos primeiros meses de vida reconhecemos o tom da voz da mãe, seus passos de longe anunciados e ansiada. Esta necessidade da presença carregamos e transferimos mais tarde para o outro...
Mas quero falar do quanto as cores pronunciadas pelo contato da luz me fascinava e a todos, enquanto pequeninos, os movimentos visíveis do vento na folhagem, as mudanças de tons, sombras a profundidade percebidas fundamentos das mais finas sutilezas a aprendermos para guiar-nos e mover-nos no mundo novo que passamos a pertencer nos primeiros anos de vida.
O contato com o seio do qual provém o primeiro alimento essencial não apenas é fonte de alimento com objeto de desejo que desenvolve a oralidade, o desejo de viver e degustar, sobreviver . No colo ganhamos o calor humano do qual teremos necessidade por toda existência.
Ainda nos primeiros meses de vida reconhecemos o tom da voz da mãe, seus passos de longe anunciados e ansiada. Esta necessidade da presença carregamos e transferimos mais tarde para o outro...
Mas quero falar do quanto as cores pronunciadas pelo contato da luz me fascinava e a todos, enquanto pequeninos, os movimentos visíveis do vento na folhagem, as mudanças de tons, sombras a profundidade percebidas fundamentos das mais finas sutilezas a aprendermos para guiar-nos e mover-nos no mundo novo que passamos a pertencer nos primeiros anos de vida.
No meu terceiro aniversário ganhei inúmeras
revistas de colorir e caixas de lápis de cores, de um querido padrinho (falecido a muitos
anos), naquela noite não conseguia dormir, ansiosa para continuar a colorir meu
livros. Fui à cama de meus pais perguntar se já era hora de levantar por volta das duas
da manhã. Minha mãe aconchegou-me junto a eles e no conforto consegui adormecer
novamente, mas não por muito tempo. Antes da cinco da madrugada não resisti ao
abrir os olhos e ouvir os pássaros já em plena atividade. Saltei da cama e meu tesouro peguei, sorrateiramente e fui à
varanda deliciar-me com a grande aventura de preencher os animais em branco com
as diversas cores.
Esta lembrança é tão clara, agora novamente
relatando-a sinto a imenso prazer proveniente do "fazer". Uma sensação de potência no ato simples mas magico de dar vida aos desenhos
de animais, às araras principalmente, já
as havia visto, portanto sabia das suas penas
multicoloridas.
Ao som dos sabiás, que na minha imaginação tornaram-se aves míticas, com grandes caudas como as das araras que comecei a colorir. Os elefantes, não os queria cinzas pintei-os de azul claro como o céu, a grama verde inventei coloquei flores e um monte de capim verde escuro para que eles se alimentassem.
Ao som dos sabiás, que na minha imaginação tornaram-se aves míticas, com grandes caudas como as das araras que comecei a colorir. Os elefantes, não os queria cinzas pintei-os de azul claro como o céu, a grama verde inventei coloquei flores e um monte de capim verde escuro para que eles se alimentassem.
O dia começou a clarear e patos tinha asas rosadas e amarelas como os
pintinhos que conheci na estância de minha avó, seus bicos muito vermelhos
nadavam no lago azul noite. Galinhas de penas rajadas de verde e azul que ‘vizage”,
eu podia reproduzir o que meus olhinhos com grande admiração viram e
recordavam, agora tinhas meus amiguinhos à mão!
O sol de sorriso largo com olhos e orelhas desenhei
inventando um ambiente que o livro não sugeria.
Foi entre tantos aniversários fenomenais que
comemorei, o mais incrível. Este é o
motivo pelo qual iniciei falando sobre a visão e o quanto na infância este
sentido é despertado gradualmente e o quanto de prazer a estética é capaz de
proporcionar, não sei se o fato de ser libriana intensifica esta
característica, fato é que ver e também ouvir inúmeras vezes superam o prazer
oral e tátil e sou bastante, diria acima da média cinestésica...
Certa vez uma amiga me disse que a natureza
nos seduz por suas cores e esta seria sua defesa para que a protegêssemos pelo
prazer estético com ela concordei sem pestanejar. Infelizmente parece que vamos
perdendo a capacidade de enxergar por defesas ...
A mídia explora o prazer estético e nos torna
reféns de padrões estéticos que muitas vezes provocam mal estar e não nos damos
conta. O exagero de informações visuais, poluição mesmo causa-me náusea que
procuro nas cores frias amenizar. Aí, ocorre-me o descanso proporcionado pela
visão do grande oceano enlaçando o céu, nosso planeta azul talvez não o seja
por acaso à nossa vista humana .
Azuis são os olhos de minha mãe o
primeiro e mais intrigante oceano, espelho d´agua que percorri , incógnito, fascinante do qual separada por e para sempre, sei que mesmo inconscientemente perssegui e desejei novamente mergulhar para outra vez mais dele revitalizada retornar às cores quentes das plumas das aves selvagens que ganham o azul maior e mais bonito porque infinito... virgínia vicamf * 24 setembro 012*