Tuesday, October 27, 2009

Chronos e Kairòs- a vida como processo






















Inplícito ao tempo de construir, o de aprofundar, sonhar, florescer e de acordar, Chronos e Kairos entrelaçam-se...Na flor cultivada ambos presentificam-se ... No perfume das horas, raíz, matriz do sosssego... Cultiva seus jardins , interior e exterior o que acredita que há mais de um tempo...
Banhada de chuva a rosa guarda segredo do sol de ontem e o de amanhã ...

Os gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: chronos e kairos.

Chornos refere-se ao tempo cronológico( sequencial), quantitativo, já Kairos refere-se ao momento ; tempo em que algo especial acontece é indeterminado, não pode ser medido é qualitativo.
Lê-se na teologia cristã, em que chronos é o tempo humano e kairos o tempo de Deus - "para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia."
Dos muitos texos em que atenho-me ao tema - Tempo, o mais recente encontra-se no Discutindo Literatura, uma crônica, nesta trato de forma bem humorada sobre a angústia ante à Chronos, intitula-se Negociações (clicando sobre o título pode ser lida). Outro é uma prosa poética , postada em 2006 na minha coluna no Portal VMD, Tempo Vida Em Andamento , da qual deixo trecho final abaixo;

Wednesday, October 21, 2009

Vâninha, hoje é teu dia glorioso













Vâninha, hoje é teu dia glorioso, sei quanto vibras manamiga adorada,mereces ser celebradaa cada instante, nada que eu faça tangea grandeza de tua pessoa , talvez algum dia tenha mais capacidade de expressar com palavras o quanto és importante em minha nova vida.





Teu talento literário e intimidade com as letras desde cedo, capacitam-te a generosidade e entendimento, disso tenho certeza, além do privilégiode berço conquistaste o que muitos n. conseguem ir além...alguns perdem seus tesouros, Vânia Moreira Diniz agregaste às nobres qualidades herdadas no dna e no ambiente social privilegiado, a ousadia e discernimento próprio de superar os que te antecederam. Creio que se vivos teus pais e vós teriam imenso orgulho do quanto tens feito por ti e por todos.
És um exemplo do cuidado, da Escrita humana e irretocável e da Poesia feminina que explode em sentimentos a cada verso...
Não encontrando em parco vocabulário de linguajar corrente, sinônimos, adjetivos, então
repito-me; és ânima em sua melhor face. A inteligência integral possibilitou que encontrasseum companheiro a tua altura grande mulher, fenomenal pessoa!
PARABÉNS !
À ti irmã de senda vivida e consagrada no amor-amizade desejo todas as felicidades, todo reconhecimento e que em proporções geométricas, retorne o quanto ao cosmo tens presenteado e assim terás mais energia , conhecimentos e peculiar sabedoria de compartilhar, ampliando o ascendente movimento evolutivo .
Por uma ecologia social-afetiva brindo-te como minha Flor de Copacabana, sem mesuras, uma vez que nossos corações se entendem além e através das palavras...de todo sempre tua grata
virgínia vica além mar RS Brasil

Ao " alquimista do Olhar e Eterna Jovialidade /Nietzsche, arte e criação de valores

Ao " alquimista do Olhar e Eterna Jovialidade /Nietzsche, arte e criação de valores

Saturday, October 17, 2009

Iniciação Primaveril - Além Mar Virgínia

I n i c i a ç ã o
P r i m a v e r i l



*virgínia além mar

Chegaste em braços d´ água querida
em tranças brincam aves a saudar-te
também a brisa amena vem cantar-te
pois és majestosamente vestida

Oh Primavera inspiras arte
Tal qual flautim me pões na vida
E, tal qual barco pronto à partida
Faz-me crer que já não estou iludida

Alhures proverbiais ganância e densidade
Em ti esperança equivale-se à fraternidade
Contentamento e dança,apesar da seriedade

Como uma cornucópia chegas e derramas
Abundância e, às deusas Moiras proclamas;
Em teu aroma habita sábia Têmis mãe das Horas

virgínia vicamf RS Brasil 09
ilustração A PRIMAVERA de Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, dito Sandro Botticelli

Nigel Kennedy, Vivaldi - Spring III

Thursday, October 08, 2009

Devires infância e novos agenciamentos



-Nós escrevemos para a vida e nos tornamos alguma coisa. Escrever é devir, é se tornar tudo aquilo que se quer, menos um escritor... Há um devir-infância da literatura, mas não de uma infância em particular... -GDeleuze..
Devir infância

*virgínia além mar

O que é a infância senão florilégio
Estágio incial de experimentação
Do qual gozamos e revivemos com emoção

Dia é chegado de celebrar momento régio

De infância poderíamos cobrir o coração
Se aos devires infância abrisse-nos, ao privilégio
Ao contato com crianças no colégio
Louvar tempo- brinquedo e viver uma porção

Mas queremos educar sentidos
Converter ouvidos
Amputar olhares comovidos

Há tempo de o esquecido reaver
Desautomatizar, buscar fluidez no viver
Rodopiar, olhar de baixo para cima o carretel de estimas!

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+O que é um agenciamento ? É uma multiplicidade que comporta muitos termos heterogêneos e que estabelece ligações, relações entre eles, através das idades, sexos, reinos - de naturezas diferentes. Assim, a única unidade do agenciamento é o co-funcionamento: é a simbiose, uma "simpatia". O plano de consistência - Este plano só conhece relações de movimento e repouso, de velocidade e lentidão, entre elementos não-formados, relativamente não formados, moléculas ou partículas levadas pelos fluxos. Ele não conhece antecipadamente os sujeitos, mas, antes, aquilo que se chama de "heceidades". De fato, nenhuma individuação se faz a partir da forma de um sujeito ou mesmo de uma coisa. Uma hora, um dia, uma estação, um clima, um ou vários anos - um grau de calor, uma intensidade, intensidades muito diferentes que se combinam - têm uma individualidade perfeita que não se confunde com aquela de uma coisa ou de um sujeito formados....Não é um instante, não é a brevidade que distingue esse tipo de individuação. Uma heceidade pode durar tanto tempo e mesmo mais que o tempo necessário ao desenvolvimento de uma forma e à evolução de um sujeito. Mas não é o mesmo tipo de tempo: tempo flutuante, linhas flutuantes de Aion, por oposição a Cronos. As heceidades são somente os graus de potência que se compõem, aos quais correspondem um poder de afetar e de ser afetado, de afetos ativos e passivos, de intensidades. Plano de consistência, plano de imanência, já era assim que Spinoza concebia o plano contra os mantenedores da Ordem e da Lei, filósofos e teólogos. É assim que a trindade Hölderlin - Kleist - Nietzsche concebia a escrita, a arte e mesmo a notícia política: não mais como um desenvolvimento harmonioso da forma e uma formação bem regulada do sujeito, como o queriam Goethe ou Schiller, ou Hegel, mas de sucessões de catatonias e de precipitações, de suspensão e de flechas, de coexistências de velocidades variáveis, de blocos do devir, de saltos por cima dos vazios, de deslocamentos de um centro de gravidade sobre uma linha abstrata, de conjunções de linhas sobre um plano de imanência, um "processo estacionário" à velocidade louca que libera partículas e afetos. -Extratos de Gilles Deleuze e Claire Parnet: Diálogos. Paris, Flammarion, 1996. Trad. CMF.

A atividade de escrever não tem a ver com o problema pessoal de cada um. A literatura, a escrita, tem fundamentalmente a ver com a vida.Mas vida é qualquer coisa superior ao que é pessoal... Escrever é sempre se tornar alguma coisa. Nós escrevemos para a vida e nostornamos alguma coisa. Escrever é devir, é se tornar tudo aquilo quese quer, menos um escritor... Há um devir-infância da literatura, masnão de uma infância em particular...

Não escrevo contra alguém ou algo. Para mim, escrever é um gesto absolutamente positivo: dizer o que se admira e não combater o que se detesta. Escrever para denunciar é o mais baixo nível da escrita. Em contrapartida, é verdade que escrever significa que algo não vai bem no estado da questão que se deseja abordar. Que não se está satisfeito. Então, eu diria: escrevo contra as idéias prontas. Escrevemos sempre contra as idéias prontas.- Frag do Abecedário de Gilles Deleuze

Apologias antes das Cinzas ...

Há luz do Sol e escrevo, velas e lamparinas resguardo aos que se foram, aos que virão e aos recém chegados , que possa algo acrescentar antes do apaga das velas ...
Foi-se uma inigualável voz, uma grande mulher; Mercedes, de morte natural, afinal adoecemos embora matou-se outra por desilusão de amor e da sua luta, foram-se mais outros, chegaram Marias, Luizas, Josés, Terezas , Josefinas, Floras, Cristinas, Luizes, Joãos... Serão cantantes, Poetas, militantes, escravos do vil metal, livres guerreiros, guerrilheiros, que escolhas farão ?
A natureza não se apieda, reage, a lei da vida é luta pela conservação,todas espécies seguem desinteressadamente, porém o homem pensa, imagina e se auto engana quando ruge, cerra ouvido ante o ecoar da sua própria estupidez. Do jardim do éden dizem, fomos expulsos e, se o fomos foi por arrogância que hoje conhecemos !?O Planeta sobreviverá sem nossa presença, sabemos, mas em condições diversas, nossos rastros deixaremos e serão cobertos por lama ou cinzas quem sabe...larvas lava fervente pedras vulcânicas, escrementos de novas espécies... A mudança é a lei, mas não a apressemos, como diz o oráculo- não é preciso correr em direção ao caos, antecipar os fatos, querer forçar a destruição para nova ordem instalar-se, isto é inevitável.Por que existimos ? Pergunte à Sartre ...Eu não sei !
Pássaros se alimentavam de abundante diversidade. Eco sistemas muito bem sem nós estava e o Planeta azul de verde se revestia...Multiplicamo-nos é a lei da resistência, mas criamos máquinas para não morrer e limitar o tempo , aí reside a diferença queremos perdurar e sobrepujar . Uma vida boa, razoável não nos basta queremos imortalidade sobrevida, tempo para aprender sobre os erros ? Viver mais, comer mais e arar campos de margaridas,ceifar lírios, rasgar sonhos da caatinga, apressar a morte do tigre...À ferro e fogo pelo bel prazer das vaidades e mais vaidades ? Ornar com sangue inocente álbum de fotografias e a Babel se ergue a cada dia, apesar de ideais tão belos haver entre nós... Desilusões coexistem com a esperança ainda...
Não morri eis meu pecado. Ocupo mais espaço que o devido, gasto mais que o merecido. Se devolvo quietude ainda manculo crucial silencio à toda espécie . Não se pode mover um dedo sem bolir com as estrelas , alguém bem o disse... São fios de cobre prata, óleo, gás, titânio e sei lá mais o que se consome e nos consome. Para não romper com os ciclos durmo mais , como menos, gasto o mínimo d´água, tomo menos banho de chuveiro, lavo uma vez só no dia a xícara , toalha poupo e, e o rosto lava-se com suor frio diante as irmãs árvores tosadas, vida ceifadas, perdidas em queimadas.Cultivamos orquídeas e derrubamos florestas inteiras, idiosincráticos, confusos, paradoxais, destruímos o que possímos gratuitamente e ainda para ter acesso à mais e mais devastação. Dispenso uso de móveis de cedro e jacarandá, que produzam suas flores e abriguem outras vidas bem mais úteis que esta minha que pouca beleza tem em versos e, textualizando se de bom tom e boa intenção for escrito, quem tempo e desejo a dar-me ouvidos...Nos lêem ? Não critico ,também prefiro hinos mais sentidos. Como ouvir o soar da escrita dos corpos que com gentil ardor vergam-se sem ameaça, mas em respeito e reverência ao habitat do qual se nutrem sem esgotar.
Espero que os nativos não sejam atropelados pela chamada inclusão, que possam escolher se desejam ser incluídos no desastre que chamamos civilização. Que suas histórias continuem sendo contadas oralmente , que não se perca o contato pessoal como perdemos, que ao pé de algum fogo bom e amigo ainda contem-se os sorrisos e as mãos dadas e as raízes não se percam embora o folclore seja polvilhado com novos olhares e a eles tenhamos ainda ouvidos...Outros modos de convívio são possíveis, há que ouvir, ver do que realmente o bicho homem precisa para viver e desaprender o medo do inevitável, adiado encontro com o fogo ou solo, de qualquer forma a escolher retornaremos todos ao pó e, enquanto o momento de ser apenas nutriente do solo não chega, para cada um de nós, que possamos usar do que nos faz diferentes, uma chamada inteligência que nos permite escolher entre cooperar ou apressar o extermínio e escassez do ar indispensável.Somos os únicos a erguer fogueiras e atar a elas os próprios pés ! Se a uma pulsão de morte em busca de redenção nos pomos, esta não nos autoriza a levar conosco o canto das aves o uivar dos lobos, o nadar dos peixes e, falando em seres aquáticos nem a umidade de nossos corpo levaremos, então porque insistir na insensatez de acumular ?Argumentam alguns dedicados ao amplo consumo, que pela vida confortável tem direito e tudo fazem por si e pelo todo do progresso financeiro.
Mas parem um pouco é o que peço, só um pouco, de fugir, só por alguns instantes, de correr para o fogo e, permitam–se viver sem medo do amanhã sem pressa e, escutem o som de algum riacho, o canto de alguns pássaros, ponham-se à contemplar a verdejante copa de uma árvore, saboreiem uma fruta lentamente...E, então me digam se não é espetacular sermos dotados de tantos sentidos, poder criar, e escolher como e com que desejamos gastar o tempo que temos, antes de perder a cor e virar cinzas nada mais.
A Marcha pela Paz está em andamento Inúmeras lutas pedem adesão...
Se tens pressa, então apressa-te a fazer uma escolha que valha à pena. Como saber? Só sentindo! Só sentindo o que te traz contentamento e te faz sorrir íntimamente , o resto não vale um só instante de teus pensamentos...
Creio que
Mercedes Sosa viveu de acordo com seus princípios, melhor experimentou o sentimento de pertencer à espécie humana e exerceu seu dom e, como não ter sido contente ao escolher viver encantando e fazer-se porta voz de algum entendimento. Ao interpretar Gracias à La Vida composição da grande artista, auto didata, ativista, idealista chilena Violeta Parra (que suicidou-se por desilusão amorosa e com sua luta) , Mercedes provocou comoção e despertar de milhares para o valor dos sentidos, como diz a letra com a qual deixo-os - o canto de todos, que é o meu próprio canto !
Obrigado à vida que me tem dado tanto ...-deu-me dois olhos que, quando os abro perfeitamente distingo o preto do branco-e no alto céu, o seu fundo estrelado e nas multidões, o homem que eu amo.-Obrigado à vida que me tem dado tanto deu-me o ouvido que, em toda a amplitude,grava, noite e dia, grilos e canários martelos, turbinas, latidos, chuviscos-e a voz tão terna do meu bem amado..Obrigado à vida que me tem dado tanto-deu-me o som e o abecedário e, com ele, as palavras com que penso e falo-mãe, amigo, irmão e luz iluminando a rota da alma de quem estou amando.-Obrigado à vida que me tem dado tanto deu-me a marcha dos meus pés cansados-com eles andei por cidades e charcos,praias e desertos, montanhas e planícies-pela tua casa, tua rua e teu pátio.-Obrigado à vida que me tem dado tanto -deu-me o coração que todo se agita quando vejo o fruto do cérebro humano, quando vejo o bem tão longe do mal,quando vejo no fundo do teus olhos claros.-Obrigado à vida que me tem dado tanto deu-me o riso e deu-me o pranto-assim eu distingo a felicidade da tristeza, os dois materiais de que é feito o meu canto-e o canto de todos, que é o meu próprio canto -Obrigado à Vida ... !

Thursday, October 01, 2009

Gotas d´oceano , outros mundos em III tempos

* virgínia além mar

I - Escolhas -

-Somente o filólogo lê lentamente e medita meia hora sobre seis linhas- Nietzsche - A Gaia Ciência

Muitas vezes entramos em conflito diante de escolhas feitas no passado, elas traçam nossos destinos e quando nos damos conta disso temos alternativa de aceitá-las ou começar tudo de novo...E, seria possível começar outra vez ? Ou melhor seria aceitar as escolhas que inconscientemente fizemos pois estavam de conformidade com um profundo conhecimento de si...O inconsciente é mestre a reger-nos sabiamente ... O que nos atrapalha são as neuroses; desintegração da personalidade, quanto maior ela for maior será o conflito entre sentimento-pensamento e ação, uma personalidade reintegrada, menos neurótica age de conformidade com seus pensamentos que estão harmonizados com os sentimentos ou com o núcleo da personalidade chamada de self por C.Jung. A aceitação e reconhecimento de si enquanto singularidade = diferença está implicita na jornada evolutiva que leva a paz consigo e com os demais independentemente do julgamento do outro, que inúmeras vezes nos deseja igual a si próprio, pois o ser humano teme demasiadamente a diferença apesar de a desejar, esta apresenta-se ameaçadora, estas sensações desconfortáveis tem início na infância conforme a aceitação recebida principalmente pela mãe nas primeiras diferenças que o jovem infante apresenta ...Mamães não querem separar-se de seus bebes , então...
Aprender a falar, andar,nadar navegar é preciso, às vezes até voar para sair das ilhas de conforto que são lares e separar-se de mamães demasiadamente agarradas, algumas fixam-se aos filhos como complementos, extenção de seus próprios membros... Filhos precisam lutar para conquistar o direito de viver de forma original, afinal todos assim nascemos, não lembro que foi que disse que nascemos originais e morremos cópia... Perdoem se até aqui nada de novo ofereço haja visto que sobre este tema muitos versam e há excelentes artigos disponíveis sobre o tema...Contudo creio que poucos assistiram ao Filme que apresento no parágrafo seguinte.

II - O(s) Filme (s)

Refiro-me ao soviético
Solyaris, dirigido por Andrei Tarkovski em 1972. ( ver Tarkovski à luz de Blanchot) Solyaris é um planeta formado por um imenso Oceano que leva os cientistas a pesquisa de um novo ramo científico - a solarística, que tem por objetivo estudar a possibilidade de existência de inteligência extraterrestre oriunda deste planeta. Insólitos acontecimentos ocorridos na Estação Espacal que orbita Solaris requerem a presença de um famoso Psiquiatra, Dr. Chris Kelvin, intrepretado por Donatas Banionis, este é enviado para investigar tais acontecimentos...
Solyaris é um poema encenado que versa sobre a condição humana e algumas de suas mais conflitantes sujeições: o amor, a traição, o abandono, a insensibilidade...

Assisti no final dos anos 80. Recentemente um amigo perguntou-me sobre a obra , busquei nas locadoras locais, para rever não encontrei em DVD tampouco em VHF. O Carlos S. do Cine Guion informou-me que não consta no catalago disponível, portanto não o podemos encontrar , a não ser nos trechos disponíveis no youtube, ou quem sabe pesquisar melhor na rede, talvez consiga baixar ... Alternativamente encontrei a versão norte americana, 2002, sob direção de Steven Soderbergh. O Psiquiatra é protagonizando por George Clonei.

“Só me interessa a verdade. Não posso guiar-me por impulsos da alma. Não sou poeta.”

O Solaris norte-americano é bastante distinto tanto na fotografia quanto no roteiro. Embora não nos oferece um espetáculo grandiosos como o apresentado pelo diretor soviético, ainda assim é uma exelente oportunidade à reflexão, Gotei!

Creio válido assistir a ambas obras filmicas e, fazê-lo não só uma vez, pois esta ficção cientifica equipara-se a imprescindível obra de Stanley Kubrick 2001 Uma Odisséia no Espaço.

Os Filmes foram baseados na obra do escritor polonês Stanislaw Lem, considerado um clássico de ficção científica, obra literária que infelizmente, não tive acesso, portanto não posso tecer comentários e não é esta minha intenção, o que me leva a escrever esta crônica é a metáfora do Espelho, mote dos filmes “ não queremos um mundo novo, queremos espelhos...”
Outra questão interessante é sobre as escolhas que fazemos, conforme aparece em um diálogo
“ não há respostas , apenas escolhas ...”

Este texto não é uma resenha, quem desejar por estas poderá encontrar certamente no Google, assim como trechos do filme no
youtube. Meu desejo restringe-se à tentativa de compartilhar impressões muito pessoais, nada científicas e tampouco embasadas em qualquer autor. Diz-se que o Filme bom é aquele que começa quando acaba, ouseja que leva-nos à reflexão, ao diálogo com a obra, estas que passo abaixo não se deram-se de imediato,após assistir Solaris fui dormir e, pensei vou rever na semana. Não o fiz mas tirei um tempo, pois as condições climáticas eram favoráveis e pude deleitar-me com um magnífico Poente deixando que ruminar inconsciente sobre a obra aflora-se. Seguem abaixo as considerações PsicoPoéticas, devaneantes. Escolhi compartilhar sem retoques.

III - O que gostaria de dizer antes de tornar-me tripulante de uma estação espacial, ou ir para um outro mundo qualquer...
Uma coisa há que se aprender...que tudo passa e nada se leva, tampouco aprisiona-se a não ser a beleza que pelos sentidos fomos capazes de perceber ...
Somente a sensação advinda da harmonia é capaz de costurar a ferida narcísica e o sentimento de falta que habita o homem ...
Toda sonoridade do mar, da Poesia, gratuitamente habita os Por de Sóis ...
O homem não se cansa de seu desejo de aprisionar a vida , por medo de perder o que já foi perdido no nascimento, um paraíso ... Resta-lhe abrir-se à oferta da pluralidade de encontros, às matizes de cores e reencontrar a paz em seus oceânicos momentos possíveis...
Navegar além é preciso ! E preciso é entender que ninguém jamais irá oferecer a paz
que é conquista da aceitação de que neste mundo todos nos
sentimos de certa forma desamparados e a única segurança é a coragem de não permanecer ancorado ao passado e, às cobranças de que um outro nos deve o que a cada um somente cabe conquistar ; a suprema liberdade de vir a ser o que se é; humano demasiado humano mas livre para fazer opções;
Escolhi meus tesouros e eles são tantos quanto meus sentidos podem perceber;
estão na mente e somente nela guardados meus recortes de infinito, com eles construo a nave que me leva de volta a mim mesma e ao reconhecimento de que o outro humano demasiado é espelho, alguns espelhos do que foi no passado , outros do futuro, é destes últimos que mais gosto, são como as rubras gotas de oceano que habitam o Poente, estão um pouco mais além do demasiado, embora dirijam-se como andarilhos solitários ...
E vocês que escolha fizeram ?
O que gostariam de dizer antes de partir ?
Quais imagens afligem ?...Quais suas visões de futuro ?... A quem amam ? Em quem estão presos ? Quais suas culpas ? O que há que reparar ? Quais seus espelhos ?

-Você vem – eu te sinto! O meu abismo fala, voltou-se à luz a minha última profundidade!... ... o que pode ser amado no homem, é que ele é um passar e um sucumbir.Amo Aqueles que não sabem viver a não ser como os que sucumbem, pois são os que atravessam. Amo os do grande desprezo, porque são os do grande respeito, e dardos da aspiração pela outra margem. Amo Aqueles que não procuram atrás das estrelas uma razão para sucumbir e serem sacrificados: mas que se sacrificam à terra, para que a terra um dia se torne do além-do-homem [...]Amo Aquele cuja alma é profunda também no ferimento, e que por um pequeno incidente pode ir ao fundo [...] F. Nietzsche - preâmbulo de Zaratustra

foto 1-Marc Chagall 2- Magritte- 3- filme Solyares 4 - foro virgínia 30 set 09