Saturday, December 26, 2009

corais


Calmo e bravo Mar

Calmo e bravo Mar ...

Ele traz e leva sal
nutre alga e paz
abastece coral...

Sonhei com Hemingway
Nas rochas andei
Ouvi outros velhos e sorri...

Espumosos são os gomos do mar...

Horizonte perto, céu entre aberto
bonito andar no barco de seu Néri...

Com desejo se faz
Nova pele e caminhos...

Corajosa Proa se ergue
Ao açoite no casco das patas do mar...

*virgína além mar – 25 dez 09

Tuesday, November 03, 2009

Olha distanciado &tc


ver in Democratização da leitura O olhar disntanciado de Levi Strauss








"...Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente". Palavras de Claude Lévi-Strauss -aos 97 anos( 2005( ao receber o 17o Prêmio Internacional Catalunha- Espanha-


Não sou nada.Nunca serei nada. Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. (...) Álvaro de Campos

das águas e da flor ...
* virgínia além mar

olhar agasalhou sentimento
todo um tempo de venturas
cobriu a tarde e coloriu o vento
da flor jorrou mel- ternuras

ausentou-se o pensamento
em nuvens claras futuras
nas margem ausencias de rasuras
em pastoral acolhimento

despiu-se lágrima
de cristal e ouvido
timbum mergulhou-se em dádiva

tarde e vida amarelaram páginas
evanesceu-se em brisas narciso
ao som das criaturas ...

Tuesday, October 27, 2009

Chronos e Kairòs- a vida como processo






















Inplícito ao tempo de construir, o de aprofundar, sonhar, florescer e de acordar, Chronos e Kairos entrelaçam-se...Na flor cultivada ambos presentificam-se ... No perfume das horas, raíz, matriz do sosssego... Cultiva seus jardins , interior e exterior o que acredita que há mais de um tempo...
Banhada de chuva a rosa guarda segredo do sol de ontem e o de amanhã ...

Os gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: chronos e kairos.

Chornos refere-se ao tempo cronológico( sequencial), quantitativo, já Kairos refere-se ao momento ; tempo em que algo especial acontece é indeterminado, não pode ser medido é qualitativo.
Lê-se na teologia cristã, em que chronos é o tempo humano e kairos o tempo de Deus - "para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia."
Dos muitos texos em que atenho-me ao tema - Tempo, o mais recente encontra-se no Discutindo Literatura, uma crônica, nesta trato de forma bem humorada sobre a angústia ante à Chronos, intitula-se Negociações (clicando sobre o título pode ser lida). Outro é uma prosa poética , postada em 2006 na minha coluna no Portal VMD, Tempo Vida Em Andamento , da qual deixo trecho final abaixo;

Wednesday, October 21, 2009

Vâninha, hoje é teu dia glorioso













Vâninha, hoje é teu dia glorioso, sei quanto vibras manamiga adorada,mereces ser celebradaa cada instante, nada que eu faça tangea grandeza de tua pessoa , talvez algum dia tenha mais capacidade de expressar com palavras o quanto és importante em minha nova vida.





Teu talento literário e intimidade com as letras desde cedo, capacitam-te a generosidade e entendimento, disso tenho certeza, além do privilégiode berço conquistaste o que muitos n. conseguem ir além...alguns perdem seus tesouros, Vânia Moreira Diniz agregaste às nobres qualidades herdadas no dna e no ambiente social privilegiado, a ousadia e discernimento próprio de superar os que te antecederam. Creio que se vivos teus pais e vós teriam imenso orgulho do quanto tens feito por ti e por todos.
És um exemplo do cuidado, da Escrita humana e irretocável e da Poesia feminina que explode em sentimentos a cada verso...
Não encontrando em parco vocabulário de linguajar corrente, sinônimos, adjetivos, então
repito-me; és ânima em sua melhor face. A inteligência integral possibilitou que encontrasseum companheiro a tua altura grande mulher, fenomenal pessoa!
PARABÉNS !
À ti irmã de senda vivida e consagrada no amor-amizade desejo todas as felicidades, todo reconhecimento e que em proporções geométricas, retorne o quanto ao cosmo tens presenteado e assim terás mais energia , conhecimentos e peculiar sabedoria de compartilhar, ampliando o ascendente movimento evolutivo .
Por uma ecologia social-afetiva brindo-te como minha Flor de Copacabana, sem mesuras, uma vez que nossos corações se entendem além e através das palavras...de todo sempre tua grata
virgínia vica além mar RS Brasil

Ao " alquimista do Olhar e Eterna Jovialidade /Nietzsche, arte e criação de valores

Ao " alquimista do Olhar e Eterna Jovialidade /Nietzsche, arte e criação de valores

Saturday, October 17, 2009

Iniciação Primaveril - Além Mar Virgínia

I n i c i a ç ã o
P r i m a v e r i l



*virgínia além mar

Chegaste em braços d´ água querida
em tranças brincam aves a saudar-te
também a brisa amena vem cantar-te
pois és majestosamente vestida

Oh Primavera inspiras arte
Tal qual flautim me pões na vida
E, tal qual barco pronto à partida
Faz-me crer que já não estou iludida

Alhures proverbiais ganância e densidade
Em ti esperança equivale-se à fraternidade
Contentamento e dança,apesar da seriedade

Como uma cornucópia chegas e derramas
Abundância e, às deusas Moiras proclamas;
Em teu aroma habita sábia Têmis mãe das Horas

virgínia vicamf RS Brasil 09
ilustração A PRIMAVERA de Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, dito Sandro Botticelli

Nigel Kennedy, Vivaldi - Spring III

Thursday, October 08, 2009

Devires infância e novos agenciamentos



-Nós escrevemos para a vida e nos tornamos alguma coisa. Escrever é devir, é se tornar tudo aquilo que se quer, menos um escritor... Há um devir-infância da literatura, mas não de uma infância em particular... -GDeleuze..
Devir infância

*virgínia além mar

O que é a infância senão florilégio
Estágio incial de experimentação
Do qual gozamos e revivemos com emoção

Dia é chegado de celebrar momento régio

De infância poderíamos cobrir o coração
Se aos devires infância abrisse-nos, ao privilégio
Ao contato com crianças no colégio
Louvar tempo- brinquedo e viver uma porção

Mas queremos educar sentidos
Converter ouvidos
Amputar olhares comovidos

Há tempo de o esquecido reaver
Desautomatizar, buscar fluidez no viver
Rodopiar, olhar de baixo para cima o carretel de estimas!

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+O que é um agenciamento ? É uma multiplicidade que comporta muitos termos heterogêneos e que estabelece ligações, relações entre eles, através das idades, sexos, reinos - de naturezas diferentes. Assim, a única unidade do agenciamento é o co-funcionamento: é a simbiose, uma "simpatia". O plano de consistência - Este plano só conhece relações de movimento e repouso, de velocidade e lentidão, entre elementos não-formados, relativamente não formados, moléculas ou partículas levadas pelos fluxos. Ele não conhece antecipadamente os sujeitos, mas, antes, aquilo que se chama de "heceidades". De fato, nenhuma individuação se faz a partir da forma de um sujeito ou mesmo de uma coisa. Uma hora, um dia, uma estação, um clima, um ou vários anos - um grau de calor, uma intensidade, intensidades muito diferentes que se combinam - têm uma individualidade perfeita que não se confunde com aquela de uma coisa ou de um sujeito formados....Não é um instante, não é a brevidade que distingue esse tipo de individuação. Uma heceidade pode durar tanto tempo e mesmo mais que o tempo necessário ao desenvolvimento de uma forma e à evolução de um sujeito. Mas não é o mesmo tipo de tempo: tempo flutuante, linhas flutuantes de Aion, por oposição a Cronos. As heceidades são somente os graus de potência que se compõem, aos quais correspondem um poder de afetar e de ser afetado, de afetos ativos e passivos, de intensidades. Plano de consistência, plano de imanência, já era assim que Spinoza concebia o plano contra os mantenedores da Ordem e da Lei, filósofos e teólogos. É assim que a trindade Hölderlin - Kleist - Nietzsche concebia a escrita, a arte e mesmo a notícia política: não mais como um desenvolvimento harmonioso da forma e uma formação bem regulada do sujeito, como o queriam Goethe ou Schiller, ou Hegel, mas de sucessões de catatonias e de precipitações, de suspensão e de flechas, de coexistências de velocidades variáveis, de blocos do devir, de saltos por cima dos vazios, de deslocamentos de um centro de gravidade sobre uma linha abstrata, de conjunções de linhas sobre um plano de imanência, um "processo estacionário" à velocidade louca que libera partículas e afetos. -Extratos de Gilles Deleuze e Claire Parnet: Diálogos. Paris, Flammarion, 1996. Trad. CMF.

A atividade de escrever não tem a ver com o problema pessoal de cada um. A literatura, a escrita, tem fundamentalmente a ver com a vida.Mas vida é qualquer coisa superior ao que é pessoal... Escrever é sempre se tornar alguma coisa. Nós escrevemos para a vida e nostornamos alguma coisa. Escrever é devir, é se tornar tudo aquilo quese quer, menos um escritor... Há um devir-infância da literatura, masnão de uma infância em particular...

Não escrevo contra alguém ou algo. Para mim, escrever é um gesto absolutamente positivo: dizer o que se admira e não combater o que se detesta. Escrever para denunciar é o mais baixo nível da escrita. Em contrapartida, é verdade que escrever significa que algo não vai bem no estado da questão que se deseja abordar. Que não se está satisfeito. Então, eu diria: escrevo contra as idéias prontas. Escrevemos sempre contra as idéias prontas.- Frag do Abecedário de Gilles Deleuze

Apologias antes das Cinzas ...

Há luz do Sol e escrevo, velas e lamparinas resguardo aos que se foram, aos que virão e aos recém chegados , que possa algo acrescentar antes do apaga das velas ...
Foi-se uma inigualável voz, uma grande mulher; Mercedes, de morte natural, afinal adoecemos embora matou-se outra por desilusão de amor e da sua luta, foram-se mais outros, chegaram Marias, Luizas, Josés, Terezas , Josefinas, Floras, Cristinas, Luizes, Joãos... Serão cantantes, Poetas, militantes, escravos do vil metal, livres guerreiros, guerrilheiros, que escolhas farão ?
A natureza não se apieda, reage, a lei da vida é luta pela conservação,todas espécies seguem desinteressadamente, porém o homem pensa, imagina e se auto engana quando ruge, cerra ouvido ante o ecoar da sua própria estupidez. Do jardim do éden dizem, fomos expulsos e, se o fomos foi por arrogância que hoje conhecemos !?O Planeta sobreviverá sem nossa presença, sabemos, mas em condições diversas, nossos rastros deixaremos e serão cobertos por lama ou cinzas quem sabe...larvas lava fervente pedras vulcânicas, escrementos de novas espécies... A mudança é a lei, mas não a apressemos, como diz o oráculo- não é preciso correr em direção ao caos, antecipar os fatos, querer forçar a destruição para nova ordem instalar-se, isto é inevitável.Por que existimos ? Pergunte à Sartre ...Eu não sei !
Pássaros se alimentavam de abundante diversidade. Eco sistemas muito bem sem nós estava e o Planeta azul de verde se revestia...Multiplicamo-nos é a lei da resistência, mas criamos máquinas para não morrer e limitar o tempo , aí reside a diferença queremos perdurar e sobrepujar . Uma vida boa, razoável não nos basta queremos imortalidade sobrevida, tempo para aprender sobre os erros ? Viver mais, comer mais e arar campos de margaridas,ceifar lírios, rasgar sonhos da caatinga, apressar a morte do tigre...À ferro e fogo pelo bel prazer das vaidades e mais vaidades ? Ornar com sangue inocente álbum de fotografias e a Babel se ergue a cada dia, apesar de ideais tão belos haver entre nós... Desilusões coexistem com a esperança ainda...
Não morri eis meu pecado. Ocupo mais espaço que o devido, gasto mais que o merecido. Se devolvo quietude ainda manculo crucial silencio à toda espécie . Não se pode mover um dedo sem bolir com as estrelas , alguém bem o disse... São fios de cobre prata, óleo, gás, titânio e sei lá mais o que se consome e nos consome. Para não romper com os ciclos durmo mais , como menos, gasto o mínimo d´água, tomo menos banho de chuveiro, lavo uma vez só no dia a xícara , toalha poupo e, e o rosto lava-se com suor frio diante as irmãs árvores tosadas, vida ceifadas, perdidas em queimadas.Cultivamos orquídeas e derrubamos florestas inteiras, idiosincráticos, confusos, paradoxais, destruímos o que possímos gratuitamente e ainda para ter acesso à mais e mais devastação. Dispenso uso de móveis de cedro e jacarandá, que produzam suas flores e abriguem outras vidas bem mais úteis que esta minha que pouca beleza tem em versos e, textualizando se de bom tom e boa intenção for escrito, quem tempo e desejo a dar-me ouvidos...Nos lêem ? Não critico ,também prefiro hinos mais sentidos. Como ouvir o soar da escrita dos corpos que com gentil ardor vergam-se sem ameaça, mas em respeito e reverência ao habitat do qual se nutrem sem esgotar.
Espero que os nativos não sejam atropelados pela chamada inclusão, que possam escolher se desejam ser incluídos no desastre que chamamos civilização. Que suas histórias continuem sendo contadas oralmente , que não se perca o contato pessoal como perdemos, que ao pé de algum fogo bom e amigo ainda contem-se os sorrisos e as mãos dadas e as raízes não se percam embora o folclore seja polvilhado com novos olhares e a eles tenhamos ainda ouvidos...Outros modos de convívio são possíveis, há que ouvir, ver do que realmente o bicho homem precisa para viver e desaprender o medo do inevitável, adiado encontro com o fogo ou solo, de qualquer forma a escolher retornaremos todos ao pó e, enquanto o momento de ser apenas nutriente do solo não chega, para cada um de nós, que possamos usar do que nos faz diferentes, uma chamada inteligência que nos permite escolher entre cooperar ou apressar o extermínio e escassez do ar indispensável.Somos os únicos a erguer fogueiras e atar a elas os próprios pés ! Se a uma pulsão de morte em busca de redenção nos pomos, esta não nos autoriza a levar conosco o canto das aves o uivar dos lobos, o nadar dos peixes e, falando em seres aquáticos nem a umidade de nossos corpo levaremos, então porque insistir na insensatez de acumular ?Argumentam alguns dedicados ao amplo consumo, que pela vida confortável tem direito e tudo fazem por si e pelo todo do progresso financeiro.
Mas parem um pouco é o que peço, só um pouco, de fugir, só por alguns instantes, de correr para o fogo e, permitam–se viver sem medo do amanhã sem pressa e, escutem o som de algum riacho, o canto de alguns pássaros, ponham-se à contemplar a verdejante copa de uma árvore, saboreiem uma fruta lentamente...E, então me digam se não é espetacular sermos dotados de tantos sentidos, poder criar, e escolher como e com que desejamos gastar o tempo que temos, antes de perder a cor e virar cinzas nada mais.
A Marcha pela Paz está em andamento Inúmeras lutas pedem adesão...
Se tens pressa, então apressa-te a fazer uma escolha que valha à pena. Como saber? Só sentindo! Só sentindo o que te traz contentamento e te faz sorrir íntimamente , o resto não vale um só instante de teus pensamentos...
Creio que
Mercedes Sosa viveu de acordo com seus princípios, melhor experimentou o sentimento de pertencer à espécie humana e exerceu seu dom e, como não ter sido contente ao escolher viver encantando e fazer-se porta voz de algum entendimento. Ao interpretar Gracias à La Vida composição da grande artista, auto didata, ativista, idealista chilena Violeta Parra (que suicidou-se por desilusão amorosa e com sua luta) , Mercedes provocou comoção e despertar de milhares para o valor dos sentidos, como diz a letra com a qual deixo-os - o canto de todos, que é o meu próprio canto !
Obrigado à vida que me tem dado tanto ...-deu-me dois olhos que, quando os abro perfeitamente distingo o preto do branco-e no alto céu, o seu fundo estrelado e nas multidões, o homem que eu amo.-Obrigado à vida que me tem dado tanto deu-me o ouvido que, em toda a amplitude,grava, noite e dia, grilos e canários martelos, turbinas, latidos, chuviscos-e a voz tão terna do meu bem amado..Obrigado à vida que me tem dado tanto-deu-me o som e o abecedário e, com ele, as palavras com que penso e falo-mãe, amigo, irmão e luz iluminando a rota da alma de quem estou amando.-Obrigado à vida que me tem dado tanto deu-me a marcha dos meus pés cansados-com eles andei por cidades e charcos,praias e desertos, montanhas e planícies-pela tua casa, tua rua e teu pátio.-Obrigado à vida que me tem dado tanto -deu-me o coração que todo se agita quando vejo o fruto do cérebro humano, quando vejo o bem tão longe do mal,quando vejo no fundo do teus olhos claros.-Obrigado à vida que me tem dado tanto deu-me o riso e deu-me o pranto-assim eu distingo a felicidade da tristeza, os dois materiais de que é feito o meu canto-e o canto de todos, que é o meu próprio canto -Obrigado à Vida ... !

Thursday, October 01, 2009

Gotas d´oceano , outros mundos em III tempos

* virgínia além mar

I - Escolhas -

-Somente o filólogo lê lentamente e medita meia hora sobre seis linhas- Nietzsche - A Gaia Ciência

Muitas vezes entramos em conflito diante de escolhas feitas no passado, elas traçam nossos destinos e quando nos damos conta disso temos alternativa de aceitá-las ou começar tudo de novo...E, seria possível começar outra vez ? Ou melhor seria aceitar as escolhas que inconscientemente fizemos pois estavam de conformidade com um profundo conhecimento de si...O inconsciente é mestre a reger-nos sabiamente ... O que nos atrapalha são as neuroses; desintegração da personalidade, quanto maior ela for maior será o conflito entre sentimento-pensamento e ação, uma personalidade reintegrada, menos neurótica age de conformidade com seus pensamentos que estão harmonizados com os sentimentos ou com o núcleo da personalidade chamada de self por C.Jung. A aceitação e reconhecimento de si enquanto singularidade = diferença está implicita na jornada evolutiva que leva a paz consigo e com os demais independentemente do julgamento do outro, que inúmeras vezes nos deseja igual a si próprio, pois o ser humano teme demasiadamente a diferença apesar de a desejar, esta apresenta-se ameaçadora, estas sensações desconfortáveis tem início na infância conforme a aceitação recebida principalmente pela mãe nas primeiras diferenças que o jovem infante apresenta ...Mamães não querem separar-se de seus bebes , então...
Aprender a falar, andar,nadar navegar é preciso, às vezes até voar para sair das ilhas de conforto que são lares e separar-se de mamães demasiadamente agarradas, algumas fixam-se aos filhos como complementos, extenção de seus próprios membros... Filhos precisam lutar para conquistar o direito de viver de forma original, afinal todos assim nascemos, não lembro que foi que disse que nascemos originais e morremos cópia... Perdoem se até aqui nada de novo ofereço haja visto que sobre este tema muitos versam e há excelentes artigos disponíveis sobre o tema...Contudo creio que poucos assistiram ao Filme que apresento no parágrafo seguinte.

II - O(s) Filme (s)

Refiro-me ao soviético
Solyaris, dirigido por Andrei Tarkovski em 1972. ( ver Tarkovski à luz de Blanchot) Solyaris é um planeta formado por um imenso Oceano que leva os cientistas a pesquisa de um novo ramo científico - a solarística, que tem por objetivo estudar a possibilidade de existência de inteligência extraterrestre oriunda deste planeta. Insólitos acontecimentos ocorridos na Estação Espacal que orbita Solaris requerem a presença de um famoso Psiquiatra, Dr. Chris Kelvin, intrepretado por Donatas Banionis, este é enviado para investigar tais acontecimentos...
Solyaris é um poema encenado que versa sobre a condição humana e algumas de suas mais conflitantes sujeições: o amor, a traição, o abandono, a insensibilidade...

Assisti no final dos anos 80. Recentemente um amigo perguntou-me sobre a obra , busquei nas locadoras locais, para rever não encontrei em DVD tampouco em VHF. O Carlos S. do Cine Guion informou-me que não consta no catalago disponível, portanto não o podemos encontrar , a não ser nos trechos disponíveis no youtube, ou quem sabe pesquisar melhor na rede, talvez consiga baixar ... Alternativamente encontrei a versão norte americana, 2002, sob direção de Steven Soderbergh. O Psiquiatra é protagonizando por George Clonei.

“Só me interessa a verdade. Não posso guiar-me por impulsos da alma. Não sou poeta.”

O Solaris norte-americano é bastante distinto tanto na fotografia quanto no roteiro. Embora não nos oferece um espetáculo grandiosos como o apresentado pelo diretor soviético, ainda assim é uma exelente oportunidade à reflexão, Gotei!

Creio válido assistir a ambas obras filmicas e, fazê-lo não só uma vez, pois esta ficção cientifica equipara-se a imprescindível obra de Stanley Kubrick 2001 Uma Odisséia no Espaço.

Os Filmes foram baseados na obra do escritor polonês Stanislaw Lem, considerado um clássico de ficção científica, obra literária que infelizmente, não tive acesso, portanto não posso tecer comentários e não é esta minha intenção, o que me leva a escrever esta crônica é a metáfora do Espelho, mote dos filmes “ não queremos um mundo novo, queremos espelhos...”
Outra questão interessante é sobre as escolhas que fazemos, conforme aparece em um diálogo
“ não há respostas , apenas escolhas ...”

Este texto não é uma resenha, quem desejar por estas poderá encontrar certamente no Google, assim como trechos do filme no
youtube. Meu desejo restringe-se à tentativa de compartilhar impressões muito pessoais, nada científicas e tampouco embasadas em qualquer autor. Diz-se que o Filme bom é aquele que começa quando acaba, ouseja que leva-nos à reflexão, ao diálogo com a obra, estas que passo abaixo não se deram-se de imediato,após assistir Solaris fui dormir e, pensei vou rever na semana. Não o fiz mas tirei um tempo, pois as condições climáticas eram favoráveis e pude deleitar-me com um magnífico Poente deixando que ruminar inconsciente sobre a obra aflora-se. Seguem abaixo as considerações PsicoPoéticas, devaneantes. Escolhi compartilhar sem retoques.

III - O que gostaria de dizer antes de tornar-me tripulante de uma estação espacial, ou ir para um outro mundo qualquer...
Uma coisa há que se aprender...que tudo passa e nada se leva, tampouco aprisiona-se a não ser a beleza que pelos sentidos fomos capazes de perceber ...
Somente a sensação advinda da harmonia é capaz de costurar a ferida narcísica e o sentimento de falta que habita o homem ...
Toda sonoridade do mar, da Poesia, gratuitamente habita os Por de Sóis ...
O homem não se cansa de seu desejo de aprisionar a vida , por medo de perder o que já foi perdido no nascimento, um paraíso ... Resta-lhe abrir-se à oferta da pluralidade de encontros, às matizes de cores e reencontrar a paz em seus oceânicos momentos possíveis...
Navegar além é preciso ! E preciso é entender que ninguém jamais irá oferecer a paz
que é conquista da aceitação de que neste mundo todos nos
sentimos de certa forma desamparados e a única segurança é a coragem de não permanecer ancorado ao passado e, às cobranças de que um outro nos deve o que a cada um somente cabe conquistar ; a suprema liberdade de vir a ser o que se é; humano demasiado humano mas livre para fazer opções;
Escolhi meus tesouros e eles são tantos quanto meus sentidos podem perceber;
estão na mente e somente nela guardados meus recortes de infinito, com eles construo a nave que me leva de volta a mim mesma e ao reconhecimento de que o outro humano demasiado é espelho, alguns espelhos do que foi no passado , outros do futuro, é destes últimos que mais gosto, são como as rubras gotas de oceano que habitam o Poente, estão um pouco mais além do demasiado, embora dirijam-se como andarilhos solitários ...
E vocês que escolha fizeram ?
O que gostariam de dizer antes de partir ?
Quais imagens afligem ?...Quais suas visões de futuro ?... A quem amam ? Em quem estão presos ? Quais suas culpas ? O que há que reparar ? Quais seus espelhos ?

-Você vem – eu te sinto! O meu abismo fala, voltou-se à luz a minha última profundidade!... ... o que pode ser amado no homem, é que ele é um passar e um sucumbir.Amo Aqueles que não sabem viver a não ser como os que sucumbem, pois são os que atravessam. Amo os do grande desprezo, porque são os do grande respeito, e dardos da aspiração pela outra margem. Amo Aqueles que não procuram atrás das estrelas uma razão para sucumbir e serem sacrificados: mas que se sacrificam à terra, para que a terra um dia se torne do além-do-homem [...]Amo Aquele cuja alma é profunda também no ferimento, e que por um pequeno incidente pode ir ao fundo [...] F. Nietzsche - preâmbulo de Zaratustra

foto 1-Marc Chagall 2- Magritte- 3- filme Solyares 4 - foro virgínia 30 set 09

Friday, September 25, 2009

P L U M A G E M



* virgínia além mar


Condecorado com dorso luminoso
Não se abstém de exibi-lo à luz
Impermeável , permeável, verde lilás reluz
Companheiro cuja pena desconhece chapéu mimoso



Meio dia do teclado e da leitura formoso
Fru- fru, pic-pic, beijo em flor seduz
Ao linguajar devaneante, ao condão misterioso
Imagem deslumbrante ao esplendor conduz

Dizem-no mensageiro do despertar glorioso
Frágil ligeiro, vens se convidado !
Beija Flor querido por ti aprendi a cultivar jardim

Buscando conhecer singelo ensinamento sobre cuidado
Arrisquei-me em vales perigosos em busca de Jasmim
Linhagem compreendo; é tecido sem nó o laço amoroso...


imagem google - publicado no recanto das letras e na AVBL

Thursday, September 24, 2009

Cativa-me ...

Se você vier às quatro da tarde,desde as três eu começarei a me sentir feliz... A.S. Exupèry



A existência precede a essência....JP. Sartre


Você existe e alguns sabem disso...Viver é visibilidade , a pior dor é a de ser invisível, ou seja a indiferença...

As saudações recebidas nas últimas vinte e quatro horas,levaram-me a refletir e compartilhar ... Como disse Clarice, a Poetisa; ...você. que me lê ( vê) me ajuda a nascer...
Quanta sabedoria em uma só obra, refiro-me ao Pequeno Príncipe de S. Exupéry...Se me cativares, passarás a existir para mim !

A cada ano que passa comemorar datas perde mais sentido , assim penso e repenso e, a cada surpresa reafirmo que os maiores e melhores presentes que tenho recebido são as manifestações espontâneas de amizade, indatadas ...Teria uma infinidade de datas, instantes a celebrar . Momentos mágicos, intensos vividos com verdadeiros amigos, amigos do cotidiano, parceiros de vida que compreendem que para haver relação a reciprocidade e a constância são fundamentais.

Construímos pontes, tecemos versos, alinhavamos o bordado, cozemos o sabor da vida a cada respiração compartilhada. Transpiramos os verbos amar, apaziguar, acalentar, cuidar, lutar, ousar coletivamente e constantemente.

No botão, na raiz, na pétala caída, das nuvens aos subterrâneos rios e aos voadores, na asas e no ovo, do ventre ao epitáfio o processo é o que festejo . è preciso ousadia de cativar e deixar-se cativar para comungar e conjugar o mel da existência !

Portanto , a cada ano que passa, mais desligada da data de meu nascimento, aniversário vou ficando, pois acredito que nasço e renasço a cada decisão, a cada respiração, mas se falarmos em datas especiais, marcantes do ponto de vista físico, objetivo e não subjetivo precisaria comemorar o mês abril de 95 quando renasci , e mais alguns quando entre a morte e a vida estava e principalmente mencionar uma pessoa corajosa com uma força extraordinária chamada Lizete H, esta mulher, amiga, chamou-me, literalmente, ao retorno do convívio terreno. Ouvi-a e, como não faze-lo, estava num mundo sem dor, indo para onde todos iremos e com a força de seus pulmões gritou -Virgínia, Virgínia, Virgínia ! Foi por seu chamado que decidi retornar. Havíamos criado laços, havia-a cativado!

Quem me bem quer e acha que algum valor agrego a sua existência desejo que saibam que Lizete existe e conquistou sua essência ; é essencial !

Como no portal entre a existência e não existência estive , talvez, uma maior consciência de que celebramos renascimentos e, que para que eles existam precisamos que existamos para alguém e que este semelhante nos ame, profunda e corajosamente para exigir nossa presença a ponto de conquistamos nossa própria essência humana, ainda que demasiada, esta que no meu entendimento, até aqui, ainda continua de mãos dadas oa existencialismo Sartreano apesar de possuir uma espiritualidade independente de religiões, sendo que afeiçoei-me ao pensamento oriental e à filosofia de B. Espinosa ( Spinoza) desde muito jovem por suas diferenças, referem-se a um deus imanente.

Um a parte; lemos em Sarte que se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é colocar o homem no domínio do que ele é e, de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência, ou seja ; o homem é responsável por si próprio e, não somente, é responsável por si e por todos os homens.
Em 24 de setembro a mais de meio século ao convívio teria sido convocada a existir? Resistimos fizemos a opção de seguir em frente , então avante !

Outra pessoa me foi crucial, a Escritora, Poeta, pessoa Vânia Moreira Diniz* por cuidado e aprendizado nesta que mais que tudo é minha nova existência onde a essência multiplicou-se .Esta nova vida em que transcendo gênero e os papeis anteriores ;profissional, e posição no seio familiar indo mais além e, deixando meus pedacinhos de pão como na fábula de João e Maria.

Creio é preciso para uma realização mais plena , tornar-se o que se é e, no meu caso dar vazão ao sonho de pela Poesia é possível plantar sementes de perene comunhão, afinal sou Libriana e, minha ânsia maior é por Harmonia , este conceito abrangente sinônimo de Beleza, Paz e porque não Poesia ! Existir portando-a, para mim é exercer poção de liberdade que implica em responsabilidade, sem dúvida.

Você existe e alguns sabem disso, e o sabem através do visível, no meu entendimento. Nós humanos adoecemos, enlouquecemos, brigamos , amamos, melhoramos, pioramos , ou seja, usamos de toda vitalidade para gritar, cada um a seu modo, eu existo, insisto ! Veja-me, sinta-me, toque-me pois a pior dor é a invisibilidade ; perversa, muda, cega e surda indiferença !


Desejo, com estas palavras de foro íntimo, abraçar cada um de vocês que integram minhas fibras, portanto existem para e em mim e, que através da compreensão da necessidade de alteralidade, nutrem a decisão de permanecer visível, vocês me cativaram !

Então felizes primaveras queridos amigos, que as flores mantenham-nos atentos a sua mensagem; intrínseco à beleza está o acolhimento, que nada tem de virtude ou desprendimento, mas porque assim o é desde o princípio, reciprocidade é a lei dinâmica da vida. O desrespeito a esta lei tão simples, apenas denota que a pessoa está indecisa ante a opção de pertenciência, é um direito que lhe cabe, respeito às diferentes interpretações é fundamental, bem como mudar e aprender deixar-se cativar e ainda aceitar a dor das despedias...

Do essencial, ainda, invisível provém a visibilidade e a contém ...

*virgínia além mar

nota- Foi a Escritora- Poeta Vânia M.Diniz que rebatizou-me -além mar , nome que aceito e adoto a quase uma década com alegria.

Thursday, September 17, 2009

À Luz da razão



À luz da razão ?

Tão simples parece
quando sob a luz vens...

Oh , razão em pensamento
segmento da sensação
fermento sob ação do tempo...

Destemido descarta injunções
acata o sentir alinha ventilação

Como flor se dá ao fruir das horas
passado inverno e botão,
abre-se, re es ta bele cendo

c o n e x õ e s ...

Flui sereno entre prenhes riachos do cérebro
filtrando atos seguindo ao mar das ações

C o m p l e x o s de emoções
enclausurados
afastavam a clareza de visão...
É Primavera nela residem passadas e futuras estações...

Do viver e estar vivo - prosa


À menina aprendiz de Colibris

*virgínia além mar
A gente sonha, realiza e sonha ...acordado, dormindo...Viver é quase um sonho, um sopro ligeiro. Às vezes se perde o mel e a brisa por querer encontrar a razão de estar vivo e, buscar um sentido, enquanto dormir quando se tem sono, comer quando há fome, beber quando há sede e desenhar uma rota que não se oponha a das estrelas já seria de bom tom...
Os outros ? Deixemos que conquistem suas asas e construam seus ninhos de acordo com os ritmos próprios, pouco se sabe da necessidade de cada um...

Que cada um desvende a si do jeito que pode, e se aprender a pedir uma ajuda e, se deixar ajudar , a gente arregaça as mangas e dá uma força do jeito que sabe e pode...

A experiência é intransferível, um bom testemunho às vezes ajuda, a aceitação e sincera amizade se conquista através da constância- repetir e repartir é preciso .

Ter um pouco de coragem de aceitar às próprias necessidades e limitações e, ainda buscar não abafar demais os sentimentos faz parte ...
Entre o estar mergulhado em tarefas, um olhar para o céu e caminhar sentindo a terra que se pisa, é um bom começo para esquecer de querer saber além disso...

Bom é inspirar, inspirar-se e, expirar as culpas da sorte que se teve, imprescindível ao viver transpirar e ir aprendendo a jogar entrelaçando fios.

E, se ainda houver disposição para ouvir a anunciação dos pássaros, tudo estará bem.


E as cores ? Independente das lentes que se usar, a luz as manterá vivas até o despertar de cada uma de nossas ilusões ...


imagem internet- para obter fonte clique na mesma
virgínia além mar -gosta de escrever Poemas, adora ler e ouvir histórias, contar só algumas e invertar outras ...Pesquisadora , coordena o canal de Filosfia do Espaço Ecos VMD, foi instrutora de yoga taoísta ocupação que deixou de exercer paralelamente ao exercício da profissão de Terapeuta, devido a um acidente ocorrido em 1995.

Saturday, September 05, 2009

Perceptos puros -


"O que se conserva, a coisa ou obra de arte, é um bloco de sensações, isto é, um composto de perceptos e afectos. Os perceptos não são mais percepções, são independentes do estado daqueles que os experimentam; os afetos não são mais sentimentos ou afecções, transbordam a força daqueles que são atravessados por eles. As sensações, perceptos e afectos, são seres que valem por si mesmos e excedem qualquer vivido. Existem na ausência do homem, podemos dizer, porque o homem, tal como ele é fixado na pedra, sobre a tela ou ao longo das palavras, é ele próprio um composto de perceptos e afectos. A obra de arte é um ser de sensação, e nada mais: ela existe em si." -DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? São Paulo: Ed. 34, 2005, p. 213. -


Vê-se no reflorescimento a incomensuralidade



e, no despespedir-se da tarde em aquarela
resta o presente.. .


de que na consciência tudo se compensa ...



ouve- se ressoar na brisa setembral " Festina Lente!”

- apressa-te lentamente -




"... a beatitude não é outra coisa que o contentamento da alma, que provém do conhecimento de Deus. Ora, aperfeiçoar o entendimento também não é outra coisa que conhecer a Deus, ... o fim último do homem, que é conduzido pela Razão, ... é aquele que o leva a conceber-se adequadamente a si mesmo e a todas as coisas que podem cair sob o seu entendimento ".- Espinosa -ou Spinoza na sua Ética - no Quinto livro desta mesma obra declara-nos que até aí falou do ponto de vista do conceito, mas que agora vai mudar de estilo e falar-nos por perceptos puros, intuitivos e diretos- GDeleuze - ver Perceptos Espinosa -Gilles Deleuze –Carta para Réda Bensmaia sobre Espinosa –


Tuesday, September 01, 2009

Matizes Sonoros - ao som da primeira chuva de setembro



Na última semana de agosto, tivemos aqui no sul do Brasil o anúncio de primavera , a temperatura amena com dias ensolarados fizeram com que os Ipês florescessem prematuramente e algumas Orquídeas já se pode contemplar, entre inúmeros botões a cor explodiu do dia para a noite. Lembrei-me que foi através do interesse pelas orquídeas selvagens que Charles Darwin nos seus últimos anos de vida desenvolveria o inovador estudo sobre a função das flores no controle da polininização realizada pelos insetos o que garantia a fertilização cruzada.
Através das saltitantes e canora Corruíras, pássaro de mesma família do Bemtevi e do Uirapuru, bem como o canto dos Sabiás nas manhãs, podemos vislumbrar o que nos aguarda na próxima estação, o espetáculo da renovação em matizes sonoros.

Neste primeiro dia de setembro, a temperatura caiu e agora a noite a chuva benevolente arrefece a terra deixando exalar o aroma balsâmico. Mas o inverno prossegue reservando-nos surpresas; botas e agasalhos voltarão às ruas , as mangas curtas que desfilaram na semana passada descansarão nos armários juntamente com aquele projeto de aproveitar as delícias do litoral no feriado próximo . Novamente aquecedores e lareiras serão convocados, assim como o vinho tinto, queijos e chocolates na serra gaúcha.

Nos pampas, lavoura e rebanhos festejam a abundância d´água.
Na grande Porto Alegre e no interior do Estado, crianças desfilarão com seus trajes escolares aos sábados, com olhar saudoso dos tempos em que gripe “A” não as ameaçava e nos impedia de beijar bochechas rosadas. Vejo em seus rostinhos uma esperança de que haja uma contaminação em massa de canções, carinhosas atenções e, consciência da parte dos que os devem proteger e um futuro lhes guarnecer.

Há muito que fazer, inclusive consolar lares dos que tiveram os seus levados pela pandemia.

Quiçá tenhamos algo novo a festejar no dia da Pátria, quiçá nos corredores do Congresso Nacional, ouça-se vozes comprometidas com decisões à favor de melhor distribuição de renda e, aplicação dos rucursos, que a corrupção entre em franca decadência e a decência assente-se e, saibamos melhor escolher representantes e aprendamos a cobrar destes uma postura de acordo com o encargos conferidos.

Quiçá nossos rios não voem tão rapidamente e, possamos ouvi-los na tranqüilidade de entardeceres mais auspiciosos e, que as verdejantes matas sejam resguardadas da arrogância e hostilidade dos que desconhecem que a teia da vida é tecida em comunhão, o que me remete novamente à relação encantadora entre insetos e as Orquídeas .

Espero que nestes próximos dias ouçamos o nosso extraordinário Hino Nacional, que sejamos mais canoros como os pássaros de nosso País, contagiando-nos mutuamente de louvor, permeados por sua beleza vigorosa .

Como disse o Poeta Nossa terra tem Palmeiras onde cantam os Sabiás, então saibamos o quão esplendorosa é nossa gente, que tem sangue mestiço, carrega em suas almas, junto à bravura, o tom terno dos que lutam e buscam pacificar .

Sou loucamente apaixonada por este chão. Anseio que o verde, esta cor composta, em toda sua complexidade, comova e arrebate definitivamente, do seringal ao mais além .
Virgínia além mar 00:30 horas de 02 de setembro 09 ( dia em que comemoramos também as núpcias de meus Pais)


Imagem -fonte créditos
Frederico Bohne Espinosa –
Para ouvir o canto de uma Corruíra no youtube http://www.youtube.com/watch?v=2lcpH6jGwAg -
Informações sobre esta delicada ave no http://www.wikiaves.com.br/corruira

Friday, August 28, 2009

fluências


"As únicas coisas eternas são as nuvens." -Mário Quintana

Ontem falei com uma amigo de várias décadas que vive do outro lado do mar. Os afetos povoaram meus sonhos e acordei impregnada de imagens e, do rumor das ondas do mar e dos tempos em que traçamos rumos tão distintos e, ao mesmo tempo iguais. A intensidade das palavras multiplicaram belezas, subtraíram cansaços, somaram afetos e foram divididos recortes de vida; a cumplicidade tem resistido ao tempo e às distâncias . Nossas conversas sempre
foram marcadas por disfluências, pausas suficientes para inspirar e expirar significados ...
Não sei por quantos anos ainda iremos comemorar nossos aniversários através das ondas, pois que das incertezas estamos marcados. Não sei também se algum dia, lado a lado celebraremos e, se estaremos novamente vestidos com sonhos de proporções e transparências similares.
Embora em vias paralelas andamos, foram os momentos de confluências que contaram e ainda contam.
Creio, não ser possível esculpir em pedra , dada a quantidade de expressões que nos escaparam e os afetos que continham, mas arrisco dizer que nas areias intemporais algo foi inscrito e, este algo que nos escapa flui através da voz do vento.


(confluência - mobilidade de fluxos que convergem, direções que se juntam, encontro entre dois caminhos, ruas ou avenidas, dois rios que passam a correr em um leito comum )

Tuesday, August 25, 2009

Após as frias chuvas


A linda estrela afugentou as nuvens,radiante encontra-se o coração.Pequenas flores já se dão em esplendor. O invisível se fez visível e as cores aí estão. O calor afugentou tristeza dando lugar à esperança;aproxima-se o final de dolorosa estação. De parto difícil, já boas são as novas que me trazem; Jardins interiores refeitos, resplandecem em peitoris.
São de janelas amplamente abertas ora minha feliz visão.
Reencontro varais repletos de espuma e perfumadas hordas, serão os anjos da anunciação em suas cordas ?
Recompensa à espera se fez no abraço e, agradecida pela acolhida de sentimentos,a roda da vida deixa-se brincar no arco de luar e, então.é quando se deixa à vista a existência aredondando-se em louvor e prece bem no centro de cada uma das margaridas...


virgína além mar RS Brasil 25 de agosto 09

boa

dica de libriana com afetuoso abraço,

Wednesday, August 19, 2009

Singelo passeio no Discutindo Literatura


agradeço imensamente à Luciana P. Pires pelo espaço que nos abre no discutindo Literatura
abrigando nossas letra-sentimentos e recebendo oxigenadas visitas !
virgínia além mar

No caminho da vila a pequena casa abriu-se como flor...
Imagem créditos sharon maia wilson

Friday, August 14, 2009

Tempo II




Tempo II

* virgínia além mar


Tempo é ave ligeira
Leva em suas asas parcas penas

De vertiginosas aflições forra o chão
Segue trançando quimeras sob forma de canção

Tempo ave de rapina devora chagas
e as transforma em rosas...

Tempo ave robusta, ergue colinas e reborda o céu
Carrega destinos semeia voz, pão e mel...

Thursday, August 13, 2009

Livre associação; das efemeridades


Perdoem-me amigos, estou de partida, despeço-me da ausência escondida, uma pérola perdeu a cor, outrora comovida. Das areias quentes tenho saudade e só por isto movo-me em sofreguidão.
Haverá de se fazer uma estrela antiga renascer, por mais que se sinta que ela ainda vibra e, com sua luz embutida constrói-se sonhos nas noites de rede e folclórica ilusão. Creio que não renascerá mesma chama. Estamos em despedidas, dói um pouco saber que o que fomos se foi para sempre e que as sementes das chamas dormitam em lama. Hoje mais que antes sabemos da impermanência e do quanto a paisagem se transforma e, nosso rosto pede o sorriso do encanto que se foi.
Morremos a cada página escrita, a cada olá já em despedida .
Perdoem meus amigos assim como chego já parto. Também vos perdôo por viverem a efêmera sua, também vida. Que o encanto que ficou no retrato seja resguardado da dor que houve e não pode ser aliviada. Que o esplendor reine sobre desassossegos e nos abra aos momentos que ainda virão galopando miragens. Anseio ainda , dizer-vos que tal qual membrana híbrida fortaleço-me em cada despedida e, assim espero que façam e ousem adentrar a monotonia com tamanha fibra, para que sobre nós alguma sentença seja proferida; houve perseverança, lutaram e deixaram-se transformar !

Sunday, August 09, 2009

Pai

-A paternidade está, pois ligada ao fato de falar -

-Não há pai senão com a palavra, a partir das palavras. Sem palavra, haveria genitores, grandes machos copuladores, mas ninguém poderia dizer-se “pai”-

A função paterna é a de oferecer os recursos necessários à provisão dos filhos, com afeto e maior proximidade entrepai e filho. Seu papel é o de facilitador e condutor do desenvolvimento do filho, de maneira a permitir amenizar os percalços do mal estar da civilização que, passados os 150 anos do nascimento de Freud, abrem em nossa cultura, outras formas de mal-estar: a delinqüência, a toxicomania, a indiferença, o terrorismo e a massificação do singular no seio da cultura.
O pai representa a possibilidade do equilíbrio regulador da capacidade da criança investir no mundo real. Seu contorno se dá no processo de desenvolvimento, de acordo com a etapa da infância. Freud (1914) explica que para a criança, num primeiro momento, o próprio Deus é apenas uma exaltação da imagem do pai. Cedo, porém, o pai é identificado como o perturbador máximo da vida instintiva dela: torna-se um modelo a ser imitado, mas também a ser eliminado, para tomar o seu lugar. “É nessa existência concomitante de sentimentos contrários que reside o caráter essencial daquilo que chamamos de ambivalência emocional.” (FREUD, 1914:249).

apenas no século XX surge a imagem do pai-educador, encarnada à família nuclear, urbana e burguesa. Essa imagem desenvolve-se, com o que se denomina “o novo pai”: aquele que conduz a criança, aquele a quem a criança chama de papai.

O pai genitor da criança seria um fundamento suficiente para se manter uma definição irredutível do ser-pai. “No entanto, pretender fundar a paternidade sobre a verdade biológica, é fazer evidenciar ainda sua fragilidade” (JULIEN, 1997:45). Dois tipos de discursos sustentaram o novo direito da mulher sobre a criança. Um é que durante muito tempo, a paternidade era presumida: legalmente, o pai era o marido da mãe. Desde a lei francesa de 1792, isso não é mais assim. A lei não assegura mais para o homem amado pela mãe, a condição de genitor. E o outro é que a procriação – a inseminação artificial - permite à mulher ter um filho sem o encontro sexual com o genitor. Os avanços tecnológicos provocam esse tropeço para a paternidade. A paternidade biológica torna-se irrisória.

Para THIS (1987), a palavra “Pai”, o representa, o evoca, o chama. Não há pai senão com a palavra, a partir das palavras. Sem palavra, haveria genitores, grandes machos copuladores, mas ninguém poderia dizer-se “pai”, “filho”. A paternidade está, pois ligada ao fato de falar . Por isso dizer-se pai, uma questão da cultura e, portanto, haver a necessidade de se legitimar no exercício cotidiano da relação pai e filho. Acreditamos ainda que é no âmago dos sentimentos paternos de cada homem, e na teia de relações que eles estabelecem com o complexo-pai (o pai real ou imaginário) que é possível a construção e reconstrução da subjetividade de pai.
Ao nível simbólico é o pai quem deve romper o vínculo simbiótico e necessário inicial mãe-filho. A mãe, pelo discurso, vai inconscientemente autorizar (ou não), este pai como um terceiro na relação, que será, a partir daí, o representante da Lei contra o incesto. A criança, então, ingressará na cultura e na linguagem. “Sob a ótica do filho, é um pai opositor, um outro desconhecido que incomoda, inquieta e ameaça o vínculo com esta mãe. Na dimensão psicológica, desenha-se aí o primeiro duelo pela hegemonia do poder” (NOLASCO,1993:83). “O pai está ali para permitir a passagem e o acesso ao mundo simbólico: pôr junto, trinificar. Não é um ou outro, é ao mesmo tempo um e outro. Só a dimensão simbólica permite à criança não pertencer exclusivamente a um ou a outro” (THIS, 1987:176).

A função paterna (que pode ser exercida por outra pessoa, que não o pai biológico), salva a criança e a mãe de patologias mais sérias. “A frustração da pulsão do desejo é referida pela criança ao terceiro objeto que lhe é designado normalmente como obstáculo para sua satisfação: a saber, ao progenitor do mesmo sexo” (LACAN, 1990:42). O complexo de castração, decorrente do Complexo de Édipo, é estabelecido pelo pai que proíbe, frustra, para o bem da criança que aprenderá a ouvir o não e conhecerá limites. A partir de então, ela fará identificações que a levarão a viver sua própria vida, a identificar-se sexualmente e a buscar seus ideais. “Gravita uma oposição entre o filho homem e seu pai, um duelo psíquico que tem expressão nas características violentas e guerreiras que os homens assumiram tão bem” (NOLASCO, 1993:83).
Edna Galvão - Artigo: Relação pai x filho: pilar do processo civilizatório. In Periódico Actas Freudianas, Revista da Sociedade de Estudos psicanalíticos de Juiz de Fora, v.III, 2007. 155p.; 26 x18 cm. ISSN 1809-3272.

Thursday, August 06, 2009

Thaumazein & Praxis -

"a maioria das pessoas teme a filosofia dos gregos como as crianças receiam a assombração; têm medo que ela os arrebate. " Clemente de Alexandria

" O que admira quer dar a palavra ao seu objeto: logon didónai " *

Aprendemos com Nietzsche que o filósofo não necessita isolar-se do mundo, sendo um teórico mas ao contrário aliar a teoria à prática, contemplação e praxis correspondem-se, integram-se, complementam-se. Entretanto o filosofar, produzir algum pensamento necessita do distanciamento. Nossa sociedade voltada para a produção e numa inquietação constante carece de reaprender o ócio que difere do negócio. A atividade contemplativa, assim como o diálogo foram perdendo o valor diante as exigências cada vez maiores de aperfeiçoamento técnico. O ter há muito substituiu o ser; em detrimento da qualidade tornamo-nos quantitativos. Certamente que de uma quantidade de experiências advirá algum conhecimento quantitativo, mas nem sempre , uma vez que somos fadados à repetição e, sair de padrões exige também algum tempo para reflexão, seja acompanhada de um profissional e em auto análise, entretanto poucos são aqueles que o fazem devido ao acima exposto e aspectos que não cabem neste pequeno texto .
Á medida que as máquinas substituem o trabalho humano abre-se um espaço-tempo que alguns ainda não percebem estar conspirando a favor da atenção, do olhar, e do ver, do deixar-se arrebatar e ao encantar-se. Por mais estranho que pareça os que mais reclamam da falta de tempo são aqueles que o perdem pelo desconhecimento de si. Querem leituras breves, inconsistentes, comida pré cozida, texto mastigado, cursos rápidos, prozac, etc... Seremos fruto de uma geração mimada e desencantada ? Ou fruto de uma escola da qual a filosofia foi banida , afinal ao poder dominante não interessa que sejamos pensantes, críticos e muito menos que saibamos para onde ir tampouco qual mundo construir. Erguem-se mansões cada vez mais vazias, nos jardins os bancos estão vazios, ninguém mais assenta-se para simplesmente apreciar o desenvolver-se dos mistérios .
Quem saberá a resposta, penso que os filósofos contemporâneos estão dispostos a dialogar e, quem desejar os irá encontrar.
Fiz um apanhado de fragmentos sobre o verbo Thaumazein, ou seja o início da atividade filosófica passando por Platão Aristótales e Sócrates e os deixo para apreciação.
Thaumazein a tradução do verbo grego, por aproximação, perfazendo a tradição do latin seria admirar-se. " Na verdade, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora" - Aristóteles no início de sua Metafísica-. Na raiz do verbo encontra-se thea que significa ver, olharr atentamente, em estado de arrebatamento este os latinos entendiam como contemplatio, contemplação. E foi o filósofo Platão, no diálogo Teeteto que referiu-se a admiração como um pathos um estado interior sentindo quando algo nos arrebata. Thaumazein foi entendido também como theoria (theorein). "0 ser-possuído pelo olhar, o dever-ser-inteiramente-olhar para o que se apresenta, define a essência da admiração". do "estado de admiração paralizante, o objeto se manifesta, provocando a vontade de saber. Com este querer saber pelo saber, nasce a filosofia” .
Experimentar esta espécie de encantamento constituído pelo fato mesmo de ver é, segundo Platão,
" a paixão que afeta, mais que aos outros homens, o filósofo".


Aristóteles no início de sua extensa obra Metafísica, afirma que a perplexidade humana inicialmente dava-se sobre dificuldades óbvias, esta foi ampliando-se gradativamente até os problemas cosmológicos, ou seja sobre os astros e a gênese do universo. Portanto o que inicialmente arrebatava o espanto admirado do homem era physis, a natureza.
Sócrates foi o primeiro () a voltar-se para o homem e as suas dificuldades.
Por talvez este motivo, grandes pensadores contemporâneos retornam à Aristótales,
vídeo Cláudio Ulpiano - Sobre a estética da existência
creio interessante salientar que os escritos deste ,dividiam-se em duas espécies: as 'exotéricas' e as 'acroamáticas'. As exotéricas eram destinadas ao público em geral e, por isso, eram obras de caráter introdutório e geralmente compostas na forma de diálogo. As acroamáticas, eram destinadas apenas aos discípulos do Liceu e compostas na forma de tratados. Praticamente tudo que se conservou de Aristóteles faz parte das obras acroamáticas. Da exotéricas, restaram apenas fragmentos. Segundo este - O homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante ; portanto, como filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária. E isto é confirmado pelos fatos, já que foi depois de atendidas quase todas as necessidades da vida e asseguradas as coisas que contribuem para o conforto e a recreação, que se começou a procurar esse conhecimento.

Para finalizar reproduzo as palavras do Dr. em Filosofia, Newton Aquiles von Zube * -
Reconhecendo-se parte integrante da tríade Eu-Natureza-Outro, a compreensão da natureza (mundo) e do outro articula-se dialeticamente com a compreensão de si. "Quem sou eu?" é a manifestação primeira do homem como questionador, como logon echon (o que tem a palavra). " O que admira quer dar a palavra ao seu objeto: logon didónai( Stein l975). E acrescenta, "esta possibilidade de dar palavras, logon didónai, se fundamenta no fato de que ela é primeiro possuída. O homem, no pathos da admiração, é posto em movimento em sua própria essência enquanto é: logon echon (o que tem palavra). " O arcabouço desta palavra originária, ou da linguagem como arché (princípio), onde estão vazadas as relações Eu-Mundo-Outro, definirá a "condição humana" como situação e transcendência. Sobre esta palavra originária que caracteriza o ser humano irá constituir-se, hoje, a linguagem como instrumento de conhecimento e como comunicação.
* Université de Louvain -Prof. Titular - Faculdade de Educação da UNICAMP)
imagem- internet-Alexandre e Aristóteles

virgínia fulber, terapeuta e além mar poeta-membro Poetas del Mundo, da AVBL e Coordenadora do Canal de Filosofia do Espaço Ecos Portal VMD -

Thursday, July 30, 2009

Há Gosto II


virgínia além mar



Já há neblina em torno da lua, bem queria sair alguns dias, passear ao sol, ficar à toa na rua e esquecer de noites tão frias .

Resguardo-me em raiz, preparando as flores do porvir, mas treme em branco a folha sem versos, enquanto as mãos ocupam-se do chá.

A previsão é de mais chuvas meus amigos e, eu não tenho mais um cão a esperar-me com a alegria que faz esquecer que agosto é chegado. Foi no dia quatro, de um agosto que, sem gosto, meu pai se foi, deixando vazia minha boca de palavras e a chapa do fogão...

Eram bons tempos aqueles de inverno, retornávamos da viagem de férias e ele reunia amigos na cozinha de fora onde havia o fogão rústico à lenha , para vinho, estórias, risadas e cozido de peixes. Enfiava-me entre eles, como mais uma mascote , fazia de tudo para penetrar as reuniões, xeretar as conversas instigantes que versavam sobre os mais diversos assuntos.

Tudo era quente e incrivelmente vivo naquela casa, quando era ainda criança; No jardim enorme, os bancos ao sol, as frutíferas, o telhado pelo qual adora passear... Havia também um gato vagabundo de pelo listrado, ou era uma gata? Como o cão pareceu e foi ficando ganhando nossa admiração.

Vai chover e, não quero molhar os pés nas poças de ausências, desejo um amanhã com o sorriso dos tempos de sopa de peixe e pão quentes e, se possível, um livro de estória para colorir e acordar as sementes do amanhã.
vídeo do trecho do Musical da Broadway Cats ; Na década de 1970, já 10 anos após a morte de T.Eliot. ( patrono do nosso grupo artefilospsipoesia), o então jovem Andrew Lloyd Webber musicou alguns dos Poemas sobre gatos do Poeta Thomas Stearns Eliot, modernista, dramaturgo que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1948. Acrescendo a estes um roteiro que veio a tornar-se a grandiosa obra Musical Cats . Memory é a música mais conhecida e de maior sucesso do musical e uma das minhas prediletas . Ela desabrocha da minha memória em momentos singulares. A peça em resumo trata-se de numa noite especial do ano em que todos os gatos se encontram no Jellicle Ball. Lá, o líder sábio e benevolente, Old Deuteronomy, anuncia qual deles irá para um lugar chamado Heaviside Layer, onde renascerá uma nova vida Jellicle. ( Jellicle ( a palavra só os gatos entendem o significado). Entre os personagens mais marcantes estão Munkustrap, o narrador da história, e Grizabela, the glamour cat.

A crônica encontra-se também no Blog do Discutindo Literatura -
http://discutindoliteraturacronicas.blogspot.com/2009/07/ha-gosto-ii.html
para rever outros espetáculos - http: //www. reallyuseful.com/shows/cats/the-film-1