Wednesday, March 19, 2008
Gemas
Gemas
Os ovos da granja cozidos e tingidos, com muito carinho, levávamos de merenda, após a Páscoa.
A sala de aula fervilhava de energia dourada, nos rostos a alegria-energia da gemas, além das doçuras fabricadas, havia ainda a tintura do céu rosado a lembrar-nos as pegadas do coelho, que nos diziam, os havia pintado...Éramos inocentes e acreditávamos nas magias, transformamo-nos em adultos saudáveis, geramos filhos, confiamos na renovação da vida.Será que os ovos de chocolate, as cestas hiper-coloridas, produzem corpos que resistirão aos embates de nossa realidade?
Há crianças que nunca virão uma galinha ciscando, um galo cantando, um pintinho saindo da casca, o esforço, a paciência e perseverança...Não tínhamos pediatra, havia o médico da família, nossas doenças, eram sarampo, catapora...Hoje há crianças com colesterol, pálidas, criaturinhas, fofas...
Falta-lhes espaço para correr nos campos , procurar magias entre os trevos... Comíamos ovos da granja molinhos pela manhã ou à noite no jantar.
Ao sinal de gripe, gemadas com chá de Macela, chás de agrião com mel e, sobretudo o aconchego do lar.
Hoje empacotados hiper-vitaminados, leites enlatados, condensados e sei lá mais o que... As facilidades super, custam os olhos da cara...São as horas extras nos escritórios, a ausência do tempo de recreação com os pequeninos, caminhadas ao sol que sabemos que é essencial para absorção das vitaminas.
Sem falar do ar fresco das manhãs e a hora adequada de deitar, cedo de preferência, exaustos das brincadeiras...
Sou otimista e saudosista, confesso, tenho saudades da fruta colhida no pé, das caminhadas nos pomares...De quem são os pomares hoje? Ainda há pomares, e visita aos avós ?Otimista porque sigo relembrando o que penso que não podemos esquecer, de onde provém nossa coragem... Penso que muito, da saúde física e emocional nos lares constituída, das águas frescas ingeridas, dos pés descalços na grama sem agrotóxicos, das bolachas com mel e amor...Creio tão óbvio que dos odores das cozinhas, das mesas com alguma reverência ao alimento somos produtos, que aquilo que ingerimos nos primeiros anos de vida formaram nosso tecido e garra.
Lembro-me de quando estava no hospital, saindo da UTI, a Dra. Tania disse aos outros médicos que achavam que eu deveria ficar com antibióticos e sonda; ela que havia-me salvo a vida com estes recursos, maravilhas da ciência, uma cientista reconhecida mundialmente:
- confio nesta menina e em sua alimentação, ela vai sair dessa !
E saí, recuperei-me devido à minha dieta que privilegia os alimentos vivos, frutas- grãos, e, claro a mente contemplativa...Janela à fora, as árvores no pátio do hospital deram-me a nutrição essencial , esperança de entre as belezas novamente estar.Adoro chocolates, mas na infância, e na fase de crescimento, ingeri-os com moderação, assim como os demais refinados!Sem culpa, sem castigo, porém bom senso é fundamental nestes tempos de permissividade,há que ter cuidado com as mentes -corpos que irão aos bancos escolares e sua vulnerabilidade. Crianças que se deixam influenciar pelos comentários dos colegas, exageradamente, denotam problemas com sua auto-imagem, os pais deveriam ficar atentos , conversar, ouvir suas queixas, olhar com carinho e admiração e se não resolver o estímulo no lar, aí sim procurar ajuda profissional, os profissionais não substituem o olhar sensível da família, o cuidado essencial.Alimentemos o corpo e o espírito de nossas crianças e teremos, certamente pessoas capazes de construir um mundo melhor para si e além. Pessoas capazes de tomar decisões e escolher pelo mais saudável, afetivamente, assim creio ainda ...
Virgínia fulber- psicobioterapeuta - além mar poeta
Páscoa 08
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