Saturday, June 26, 2010

Do que se espera - Poema - virgínia além mar


Há sempre uma promessa
Na lua, no vento na estrela
Na margem, no leito que na rua começa
De um amor, de uma gema ou dela


Na rosa em botão que floresce
No espinho que crava e vela
Querer, querer permeia frase ou palavra tece
Ébrio saber flutuante há na tela


Há sempre promessa na onda de amor
Que percorre as orlas do olhar
Atravessando o temor


E se não houvesse nem asa alcançaria
Sol, solstício e calor
Criamos promessas para ganhar céu e mar...

Novos Tempos -virgínia além mar



Em 1996 a Internet entrou em minha vida, por uma fatalidade,um tempo a mais criou-se em meus dias, iria ficar mais alguns meses sem poder exercer minha profissão, Joaquim , meu filho amado, com sua paciência ante ao meu temor à máquina, concedeu-me precioso tempo juvenil na minha iniciação ao Mar internáutico , a direção ao diálogo e reencontro com aqueles que então distantes, e ao meu reencontro com as letras.

E a elas buscando encontrei o Letras e Cia um grupo destinado aos amantes destas , escritores, poetas e afins. Foi neste sítio que encontrei Vânia Moreira Diniz, esta alma generosa que acolheu-me e estimula-me a versejar, a compartilhar sonhos, e aqui prosear .

O ostracismo talvez seja a mais terrível condenação aquele que sente um palpitar vez que outra em seu coração engessado, pois apesar de não nos cansarmos de reter a vida ( Deleuze), esta é nossa condição. Potência de VIDA ela mesma quando não transborda criativamente , produz enfermidade, dores, pobreza , desencontros , dissonâncias cognitivas.. "Queria apenas tentar viver aquilo que brotava espontaneamente de mim. Por que isso me era tão difícil?" (Fragmento do livro "Demian" de Hermann Hesse).

A potencialidade criativa, expressão autêntica das impressões pessoais precisam vazar, grávidos de sonhos não podemos retê-los, se estes não encontram ecos, ressonâncias enclausurados como fetos lutam com todas forças por um lugar ao sol.

É tempo, meus queridos, deixar sementes desabrocharem. Este momento histórico que vivenciamos é extraordinário. Alguns ainda não perceberam que é uma loucura lançar terra sobre o broto que deseja arder sob o sol , como uma mãe que deseja reter seu feto é aquele que evita experimentar-se nos encontros , nas possibilidades que a abertura ao diálogo fornece.

É preciso tentar, permitir-se sentir a liberdadezinha que ainda grita , inicialmente tímida , sem força suficiente , mas é justamente nos encontros do primeiro calorzinho, orvalhada ainda, que a folícula descobre a alegria de resistir e insistir no diálogo com o novo jardim, assustador inicialmente por sua imensidão, o confronto com o que ainda há de ser percorrido, a conquista por um lugar,a estima a ser construída, o respeito a amizade .

Desistir frente as primeiras tempestades , de certo não é recomendável .Há sempre generosa árvore por perto provocando entusiasmo, estimulando, ao vento bom entrega seu sorriso e ampara com voz macia e perfumada que diz não é fácil mas possível, se estou por aqui, sobrevivi não desisti e antes de ti e de mim outros, outros e outros superando dificuldades, mas não isoladamente nem tampouco apenas interagindo com fragilidades descontentes e ressentidas.

Arrisque a rede é grande, é preciso continuar acreditando que alguém de sua espécie está aguardando por sua participação e necessitando de sua palavra estrangeira , tua voz pode ser a diferença , a nuance , o colorido a mais , o toque mágico a despertar novas esperanças, lembranças sonhos, devires de infâncias .

Thursday, June 03, 2010

Suculentas - Poema- virgínia além mar





Os cristais respingavam a gola


Rubra e fresca por dentro e por fora


Sacia as papilas gustativas pondo a prova


Delírio e saudade do licor de uma lua






Maçã, delícia dos pomares e de um céu

Rainha, na boca morre com requinte

Sem silenciar, brumindo cristalinos

estalidos germinando prazeres ...





O sabor tão familiar assim como inusitado

Traz consigo lembranças envoltas em seda

De um azul único, como o produzido


Pelo luar minguante de maio...




Maçãs e Luas formosas e suculentas

A prova do tempo

Maduras em declínio ou em crescimento

Dão asas ao pensamento

* virgínia além mar

imagens fonte google