"a maioria das pessoas teme a filosofia dos gregos como as crianças receiam a assombração; têm medo que ela os arrebate. " Clemente de Alexandria
" O que admira quer dar a palavra ao seu objeto: logon didónai " *
Aprendemos com Nietzsche que o filósofo não necessita isolar-se do mundo, sendo um teórico mas ao contrário aliar a teoria à prática, contemplação e praxis correspondem-se, integram-se, complementam-se. Entretanto o filosofar, produzir algum pensamento necessita do distanciamento. Nossa sociedade voltada para a produção e numa inquietação constante carece de reaprender o ócio que difere do negócio. A atividade contemplativa, assim como o diálogo foram perdendo o valor diante as exigências cada vez maiores de aperfeiçoamento técnico. O ter há muito substituiu o ser; em detrimento da qualidade tornamo-nos quantitativos. Certamente que de uma quantidade de experiências advirá algum conhecimento quantitativo, mas nem sempre , uma vez que somos fadados à repetição e, sair de padrões exige também algum tempo para reflexão, seja acompanhada de um profissional e em auto análise, entretanto poucos são aqueles que o fazem devido ao acima exposto e aspectos que não cabem neste pequeno texto .
Á medida que as máquinas substituem o trabalho humano abre-se um espaço-tempo que alguns ainda não percebem estar conspirando a favor da atenção, do olhar, e do ver, do deixar-se arrebatar e ao encantar-se. Por mais estranho que pareça os que mais reclamam da falta de tempo são aqueles que o perdem pelo desconhecimento de si. Querem leituras breves, inconsistentes, comida pré cozida, texto mastigado, cursos rápidos, prozac, etc... Seremos fruto de uma geração mimada e desencantada ? Ou fruto de uma escola da qual a filosofia foi banida , afinal ao poder dominante não interessa que sejamos pensantes, críticos e muito menos que saibamos para onde ir tampouco qual mundo construir. Erguem-se mansões cada vez mais vazias, nos jardins os bancos estão vazios, ninguém mais assenta-se para simplesmente apreciar o desenvolver-se dos mistérios .
Quem saberá a resposta, penso que os filósofos contemporâneos estão dispostos a dialogar e, quem desejar os irá encontrar.
Fiz um apanhado de fragmentos sobre o verbo Thaumazein, ou seja o início da atividade filosófica passando por Platão Aristótales e Sócrates e os deixo para apreciação.
Thaumazein a tradução do verbo grego, por aproximação, perfazendo a tradição do latin seria admirar-se. " Na verdade, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora" - Aristóteles no início de sua Metafísica-. Na raiz do verbo encontra-se thea que significa ver, olharr atentamente, em estado de arrebatamento este os latinos entendiam como contemplatio, contemplação. E foi o filósofo Platão, no diálogo Teeteto que referiu-se a admiração como um pathos um estado interior sentindo quando algo nos arrebata. Thaumazein foi entendido também como theoria (theorein). "0 ser-possuído pelo olhar, o dever-ser-inteiramente-olhar para o que se apresenta, define a essência da admiração". do "estado de admiração paralizante, o objeto se manifesta, provocando a vontade de saber. Com este querer saber pelo saber, nasce a filosofia” .
Experimentar esta espécie de encantamento constituído pelo fato mesmo de ver é, segundo Platão," a paixão que afeta, mais que aos outros homens, o filósofo".
Aprendemos com Nietzsche que o filósofo não necessita isolar-se do mundo, sendo um teórico mas ao contrário aliar a teoria à prática, contemplação e praxis correspondem-se, integram-se, complementam-se. Entretanto o filosofar, produzir algum pensamento necessita do distanciamento. Nossa sociedade voltada para a produção e numa inquietação constante carece de reaprender o ócio que difere do negócio. A atividade contemplativa, assim como o diálogo foram perdendo o valor diante as exigências cada vez maiores de aperfeiçoamento técnico. O ter há muito substituiu o ser; em detrimento da qualidade tornamo-nos quantitativos. Certamente que de uma quantidade de experiências advirá algum conhecimento quantitativo, mas nem sempre , uma vez que somos fadados à repetição e, sair de padrões exige também algum tempo para reflexão, seja acompanhada de um profissional e em auto análise, entretanto poucos são aqueles que o fazem devido ao acima exposto e aspectos que não cabem neste pequeno texto .
Á medida que as máquinas substituem o trabalho humano abre-se um espaço-tempo que alguns ainda não percebem estar conspirando a favor da atenção, do olhar, e do ver, do deixar-se arrebatar e ao encantar-se. Por mais estranho que pareça os que mais reclamam da falta de tempo são aqueles que o perdem pelo desconhecimento de si. Querem leituras breves, inconsistentes, comida pré cozida, texto mastigado, cursos rápidos, prozac, etc... Seremos fruto de uma geração mimada e desencantada ? Ou fruto de uma escola da qual a filosofia foi banida , afinal ao poder dominante não interessa que sejamos pensantes, críticos e muito menos que saibamos para onde ir tampouco qual mundo construir. Erguem-se mansões cada vez mais vazias, nos jardins os bancos estão vazios, ninguém mais assenta-se para simplesmente apreciar o desenvolver-se dos mistérios .
Quem saberá a resposta, penso que os filósofos contemporâneos estão dispostos a dialogar e, quem desejar os irá encontrar.
Fiz um apanhado de fragmentos sobre o verbo Thaumazein, ou seja o início da atividade filosófica passando por Platão Aristótales e Sócrates e os deixo para apreciação.
Thaumazein a tradução do verbo grego, por aproximação, perfazendo a tradição do latin seria admirar-se. " Na verdade, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora" - Aristóteles no início de sua Metafísica-. Na raiz do verbo encontra-se thea que significa ver, olharr atentamente, em estado de arrebatamento este os latinos entendiam como contemplatio, contemplação. E foi o filósofo Platão, no diálogo Teeteto que referiu-se a admiração como um pathos um estado interior sentindo quando algo nos arrebata. Thaumazein foi entendido também como theoria (theorein). "0 ser-possuído pelo olhar, o dever-ser-inteiramente-olhar para o que se apresenta, define a essência da admiração". do "estado de admiração paralizante, o objeto se manifesta, provocando a vontade de saber. Com este querer saber pelo saber, nasce a filosofia” .
Experimentar esta espécie de encantamento constituído pelo fato mesmo de ver é, segundo Platão," a paixão que afeta, mais que aos outros homens, o filósofo".
Aristóteles no início de sua extensa obra Metafísica, afirma que a perplexidade humana inicialmente dava-se sobre dificuldades óbvias, esta foi ampliando-se gradativamente até os problemas cosmológicos, ou seja sobre os astros e a gênese do universo. Portanto o que inicialmente arrebatava o espanto admirado do homem era physis, a natureza.
Sócrates foi o primeiro () a voltar-se para o homem e as suas dificuldades.
Por talvez este motivo, grandes pensadores contemporâneos retornam à Aristótales,
vídeo Cláudio Ulpiano - Sobre a estética da existência
creio interessante salientar que os escritos deste ,dividiam-se em duas espécies: as 'exotéricas' e as 'acroamáticas'. As exotéricas eram destinadas ao público em geral e, por isso, eram obras de caráter introdutório e geralmente compostas na forma de diálogo. As acroamáticas, eram destinadas apenas aos discípulos do Liceu e compostas na forma de tratados. Praticamente tudo que se conservou de Aristóteles faz parte das obras acroamáticas. Da exotéricas, restaram apenas fragmentos. Segundo este - O homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante ; portanto, como filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária. E isto é confirmado pelos fatos, já que foi depois de atendidas quase todas as necessidades da vida e asseguradas as coisas que contribuem para o conforto e a recreação, que se começou a procurar esse conhecimento.
Para finalizar reproduzo as palavras do Dr. em Filosofia, Newton Aquiles von Zube * - Reconhecendo-se parte integrante da tríade Eu-Natureza-Outro, a compreensão da natureza (mundo) e do outro articula-se dialeticamente com a compreensão de si. "Quem sou eu?" é a manifestação primeira do homem como questionador, como logon echon (o que tem a palavra). " O que admira quer dar a palavra ao seu objeto: logon didónai( Stein l975). E acrescenta, "esta possibilidade de dar palavras, logon didónai, se fundamenta no fato de que ela é primeiro possuída. O homem, no pathos da admiração, é posto em movimento em sua própria essência enquanto é: logon echon (o que tem palavra). " O arcabouço desta palavra originária, ou da linguagem como arché (princípio), onde estão vazadas as relações Eu-Mundo-Outro, definirá a "condição humana" como situação e transcendência. Sobre esta palavra originária que caracteriza o ser humano irá constituir-se, hoje, a linguagem como instrumento de conhecimento e como comunicação.
* Université de Louvain -Prof. Titular - Faculdade de Educação da UNICAMP)
imagem- internet-Alexandre e Aristóteles
virgínia fulber, terapeuta e além mar poeta-membro Poetas del Mundo, da AVBL e Coordenadora do Canal de Filosofia do Espaço Ecos Portal VMD -
5 comments:
Oi querida! passadinha rápida para desejar otimo fds! Ah, obrigada por linkar meu blog no seu..vc é um amor! bjuuuu
Querida Amiga Virgínia além mar...
Brilhante Coordenadora do Canal de Filosofia do Espaço Ecos Portal VMD!!!
Como é gostoso chegar aqui e encontrar teus escritos filosóficos...tão bem sabe como nos conduzir e atiçar nossas curiosidades e questionamentos
Grata por trazer a filosofia para mais pertinho e torna-la mais fácil
para o meu entendimento
Torço para que ela volte para as escolas e que seja transmitida tão encantada como realmente ela é
Que delícia esse apanhado de fragmentos sobre o verbo Thaumazein Vi!!!
Grata pela riqueza do teu compartilhar não só em versos mas também filosoficamente...
Um aprendizado precioso!
Amei as imagens...lindas mesmo!
beijinhos com carinho agradecido da Li tua fã
Ah, esqueci de dizer Vi querida...
Grata pelo vídeo do filósofo Claudio Ulpiano sobre a Estética da existência...sempre bom ouvi-lo!!!
mais beijos com carinho da Li
grata querida Eliana transitar pela filosfia é um grande prazer e despertar a curiosidade é um plus a mais, abraços à Poete e amiga tão presente que és.
narcia agradeço a presença, estaremos lado a lado , abraços
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